Encontro Nacional de Fé e Política quer democracia participativa
Movimentos sociais, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e representantes da Igreja Católica, que integram o Movimento Nacional pela Fé e Política, defenderam, neste final de semana, a democracia participativa, com todos os cidadãos brasileiros tendo
Publicado 12/11/2007 12:04
Eles estão entre as cinco mil pessoas de diversos estados reunidas no 6º Encontro Nacional de Fé e Política, realizado no Sesc de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para discutir a relação entre religiões e política na América Latina.
O teólogo Frei Betto, que foi conselheiro do presidente Lula no início de seu governo e atualmente assessora movimentos populares, disse que “o grande problema do Brasil é que o Estado foi construído para servir a 20% da população, e não para servir ao conjunto dela”. Segundo ele, há necessidade de “aprimorar a democracia brasileira e torná-la realmente participativa”.
Ele também ressaltou a necessidade de multiplicar as formas de comunicação através de rádios e TVs comunitárias, fazendo uma reforma no sistema de comunicação do país. “O que ocorre no sistema de grandes veículos de comunicação no Brasil é que hoje não tem mais opção, é um pensamento único, como se refletisse o consenso da nação”.
Voz e vez dos povos
Sobre a questão da democratização dos meios de comunicação, Frei Betto afirma que “a TV pública será bem-vinda se for um aprimoramento profissional da inserção da voz popular”, acrescentando que “minha grande pergunta é de que maneira a TV pública vai ser um canal da voz e vez dos povos desse país”, afirmou.
O teólogo Leonardo Boff correlacionou fé e política, enfatizando que a fé pode colaborar para que as relações sociais sejam de inclusão, justiça e cooperação, e não só de competição, exploração e conflito. Ele defendeu uma forma mais ampla de democracia, que é “a participação e inclusão das pessoas, dar palavra e permitir que elas ajudem a formular projetos”.
Para ele, o cidadão deixou de ser massa de manobra, pois tem consciência de seus direitos. “Quando os cidadãos se unem em movimentos sociais, a verdadeira democracia se dá pelo jogo dinâmico de participação, a política se define pela construção do bem comum”, destacou.
Derrota ao neoliberalismo
João Pedro Stédile, um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que também participou do encontro, afirmou que é preciso recuperar a essência da democracia e formas de participação popular nas decisões políticas, principalmente no que se refere reforma agrária.
“Nós estamos vivendo a hegemonia do modelo neoliberal. E para o capital financeiro, não precisa haver reforma agrária. Estamos num dilema, ela (a reforma) só vai deslanchar no Brasil quando derrotarmos o neoliberalismo. Infelizmente, o governo Lula está priorizando o agronegócio em vez de priorizar os camponeses”.
Agência Estado