Bancários da Bahia votam pela saída da CUT
Os bancários aprovaram por ampla maioria, em assembléia, a desfiliação do Sindicato dos Bancários da Bahia da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A decisão foi tomada no dia 13/11, no Ginásio de Esporte da entidade, em Salvador. A assembléi
Publicado 18/11/2007 13:04 | Editado 04/03/2020 16:21
O representante da Contraf, Sérgio Braga, participou da assembléia incumbido de defender a permanência do Sindicato na CUT. “O Sindicato dos Bancários, que é um dos maiores do Estado, deve permanecer filiado a CUT. Devemos unir forças para defender os interesses dos trabalhadores brasileiros”, argumentou.
Adilson Araújo, coordenador do Movimento Pró-Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, assegura que a nova Central deve intensificar as lutas e ganhar as ruas. ''Nos últimos anos percebemos que os resultados das assembléias para definição dos rumos da Campanha Salarial, como as realizadas em São Paulo, que as decisões não devem partir da cúpula, é imprescindível que o trabalhador seja consultado e possa definir, através de luta e resistência, seu próprio destino''.
O vereador Everaldo Augusto, ex-presidente da CUT na Bahia, fez uma explanação defendendo a desfiliação. “Está na hora de o movimento sindical avançar. A criação da central, classista e democrática, vem para somar e ajudar as forças trabalhistas brasileiras”, disse. Após as argumentações, os bancários votaram e decidiram pela saída do SBBA da CUT.
Para o presidente da CUT na Bahia, Martiniano Costa, a decisão foi um equívoco. “Do ponto de vista político foi um erro. Pulverizar forças não significa avançar. O objetivo da CUT é a união sindical para avançar nos trabalhos. Nasce mais uma central e esperamos que venha unir forças com as outras para lutar pelos trabalhadores”, falou.
Segundo Euclides Fagundes, a desfiliação é importante para a categoria. “Nas últimas campanhas salariais, estavam claro as divergências do movimento sindical nas discussões e a posição adotada pela CUT. Com a saída, a CUT vai precisar repensar as atitudes, no sentido de tomar um outro rumo, lutar por um sindicalismo autônomo e, com a CTB, criar um movimento que faça avançar os trabalhos”, salientou.
O presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Eduardo Navarro, mostrou-se satisfeito com a decisão tomada. Disse que o próximo passo é a construção da CTB para preencher o vazio deixado pela CUT.
O deputado estadual Álvaro Gomes (PCdoB-BA) esteve presente na assembléia e parabenizou a “importante decisão de desfiliação da CUT, para construir uma nova central e avançar nos trabalhos sindicais na sociedade”.
Central perdeu a independência
Criada em 1983 como uma entidade combativa, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) apostava na luta e defendia propostas radicais para transformar a sociedade brasileira, assim como na época atuava o PT. Mas, com o tempo, o comportamento mudou. Ficou mais moderada. Afastou-se ao máximo das posições de classe e se aproximou de uma feição social-democrata.
Exemplos não faltam. Em 1996, a CUT defendeu um acordo da Previdência que prejudicou muito os trabalhadores. Passou a defender o chamado “sindicato cidadão”, com ênfase no tripartismo, câmaras setoriais e a negociação, deixando em segundo plano a mobilização e a luta. Após a reeleição de Lula, a situação só se agravou. Ao invés de ampliar sua influência entre os trabalhadores, a CUT reforçou o hegemonismo e a tendência à institucionalização, comprometendo a autonomia diante do governo. O resultado não poderia ser outro: perdeu importantes bases, principalmente entre as correntes não petistas.
A construção da CTB, neste sentido, responde à necessidade de parte do movimento sindical brasileiro que sempre esteve comprometido com os reais anseios dos trabalhadores, independentemente de governos.
A saída da CUT não é uma decisão unilateral, mas fruto de um amadurecimento histórico. Se a CUT se fechou em concepções exclusivistas e antidemocráticas da força majoritária, a CTB tem a responsabilidade e o desafio de fazer valer a luta classista. Melhor para os trabalhadores.
Fonte: Sindicato dos Bancários da Bahia