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No Ipea, Pochmann sofre perseguição de setores do PSDB e do DEM

A Executiva Nacional do PT aprovou nota de solidariedade ao presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, acusado de afastar do instituto quatro pesquisadores considerados neoliberais e não-alinhados com o governo.

O afastamento foi anunciado na semana passada pela direção do Ipea, vinculado ao Ministério Extraordinário de Assuntos Estratégicos, comandado por Roberto Mangabeira Unger. Foram afastados os pesquisadores Fabio Giambiaggi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli.


 


Giambiaggi é tido como o “queridinho dos cadernos de economia conservadores” e, ao lado de Raul Velloso, é um dos grandes defensores do ajuste fiscal e da política de cortes de gastos. 



Currículo respeitado



Segundo o documento petista, Pochmann é filiado ao PT e está sendo vítima de uma campanha articulada por setores do PSDB e do DEM.



Os petistas argumentam que os dois partidos acusam Pochmann de “atentar contra o pluralismo do instituto, confundindo propositalmente medidas administrativas corriqueiras com interferência partidária na pluralidade indispensável ao trabalho científico”.



Na segunda-feira, o deputado José Aníbal (PSDB-SP) criticou o afastamento e disse que vai pedir esclarecimentos a Pochmann. “Vamos entrar com uma representação e tomar todas as medidas cabíveis contra a caça às bruxas promovida no instituto. Essa é uma situação gravíssima e o Congresso precisa se pronunciar sobre o caso”, afirmou o tucano.



Os petistas ressaltam o “respeitadíssimo” currículo acadêmico de Pochmann, que, segundo o partido, teria demonstrado sua independência ao criticar as políticas econômica e social adotadas durante o primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



“Da mesma maneira, o governo também demonstrou pluralidade e abertura intelectual quando convidou Pochmann para dirigir o Ipea, atitude totalmente diversa do 'pensamento único' que impediu o debate no período FHC [ex-presidente Fernando Henrique Cardoso] e dos expurgos promovidos, na época da ditadura, por alguns dos que hoje criticam o presidente do instituto”, diz o documento petista.



Cabeças de planilha



Além da nota, o site do PT publicou ontem artigo do dirigente petista Julian Rodrigues, especialista em Economia do Trabalho pelo Cesit/Unicamp e membro do Diretório Estadual do PT-SP.



Segundo Julian, “a mídia (conservadora e golpista, como diria Paulo Henrique Amorim) anda atiçada porque encasquetou com uma suposta caça às bruxas, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA”.



“A fúria midiática da última semana, foi causada por medidas administrativas do novo presidente do IPEA, que não renovou a permanência de economistas do BNDES cedidos ao Instituto e também interrompeu a colaboração de dois economistas aposentados”, explica Julian.  


 


“Toda vez que a mídia conservadora (e golpista) queria falar que era preciso enxugar o gelo, cortar os gastos, apertar o cinto, aumentar o superávit, diminuir o quinhão do funcionalismo público, sucatear as políticas públicas, lá estava esse senhor (Giambiaggi) com uma planilha à mão, mostrando a falência iminente do nosso Brasilzão. Cortar, cortar, cortar. Reforma da Previdência já! Tirar direitos, reduzir o tamanho do Estado, “acabar com a gastança”  e por aí vai. Esses senhores (e algumas senhoras como Mirian Leitão) repetem, há mais de uma década, esse mantra. Com ampla cobertura da mídia (que forma a tal opinião pública), esse pensamento ultra-liberal, pró-mercado, vem tentando colonizar nossa mente há anos”, protesta Julian em seu artigo.



Segundo o dirigente petista, o “timinho de jornalistas” da mídia conservadora não entendeu uma coisa: “No Brasil, existe eleição ainda. E, nas eleições, o povo ainda pode escolher entre projetos político-econômicos. Na eleição de 2006, quase 60% das brasileiras e brasileiros votaram contra o privatismo e contra o predomínio do mercado e seu humores.Ora, o segundo mandato Lula é um mandato que lhe foi dado com objetivo  claro: romper com o círculo de giz neoliberal. Isso pressupõe descartar a agenda liberalóide, os paradigmas fiscalistas, os teóricos dos mercado e os que defendem os financistas contra o povo. O IPEA – órgão do Governo Federal -, portanto, pode (e deve)  ser majoritariamente conduzido de acordo com o desejo dos milhões de brasileiras e brasileiros que elegeram Lula. Precisa ter seu esforço direcionado a produzir análises que sejam compatíveis com os que querem discutir desenvolvimento sustentável, distribuição de renda, políticas sociais universais e emancipatórias, fortalecimento do Estado, construção de um Estado do Bem-Estar Social no Brasil, e por aí segue”, defende Julian Rodrigues.


 


“Que o IPEA, neste segundo mandato, esteja a altura do desafio de investigar, pautar e pensar o Brasil em uma perspectiva social, de desenvolvimento democrático e longe da ganância mercantil, principalmente da ganância financista”, cocnlui o petista.


 


Da redação,
com agências