Sem categoria

BA: sindicato e ministro defendem implosão da Fonte Nova

O desabamento de um degrau da Fonte Nova neste domingo (25) pode ter marcado a despedida do mais tradicional estádio de Salvador (BA). Pelo menos é o que defendem o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e o Sindicato Nacional das Empresas de Arquiteturas

O governador da Bahia, Jacques Wagner, já havia defendido a imlosão da Fonte Nova no fim de outubro, ao retornar da Suíça, onde participou da cerimônia que confirmou o Brasil como sede da Copa 2014. Ele disse que para Salvador ser escolhida como uma das sedes da Copa o estádio deveria ser implodido para a construção de uma nova arena de esportes.


 


O relatório apresentado pelo Sinaenco em 1º de novembro já atestava que a Fonte Nova era o pior estádio dentre os 29 vistoriados por integrantes da entidade. Segundo Eduardo, apenas cinco estádios dos 29 estão em boas condições: Maracanã, Engenhão, Morumbi, Arena da Baixada e Mangueirão. Porém, mesmo estes ainda não estão de acordo com os moldes exigidos pela Fifa para a Copa de 2014.


 


Segundo o relatório do sindicato, além da Fonte Nova, o Mineirão, a Ilha do Retiro, o Arruda e o Vivaldão estão no topo do ranking de piores estádios do país.    


 


Estruturas decadentes


 


A tragédia que aconteceu neste domingo evidenciou os pontos que o Sinaenco já havia apontado em 1º de novembro. Estruturas com vigas e pilares comprometidos, vestiários em situação crítica, falta de higiene em bares e vestiários, arquibancada em ruínas são alguns do problemas registrados pelo estudo feito para avaliar as condições que os atuais estádios brasileiros teriam para sediar os jogos da Copa.


 


Em função do acidente o governo da Bahia interditou nesta segunda o colégio da Fonte Nova, que fica junto ao estádio. O colégio amanheceu fechado por “questões de segurança”, de acordo com a Secretaria de Educação da Bahia. Toda a Fonte Nova está interditada desde o acidente de domingo – que matou pelo menos sete pessoas e deixou dezenas de feridos – por determinação do governador Jaques Wagner. Não há previsão para a retomada das atividades.


 


Nesta segunda, engenheiros do Departamento de Polícia Técnica da Bahia avaliam a estrutura do estádio. De acordo com o diretor do departamento, Raul Barreto Filho, uma das hipóteses investigadas é a de que o desabamento tenha ocorrido por desgaste de material. O anel superior da Fonte Nova foi construído em 1971.


 


A Fonte Nova, nome popular do Estádio Octávio Mangabeira, foi inaugurado em 1951, e pertence ao governo do estado da Bahia. A primeira partida disputada no estádio foi entre Botafogo-BA e Guarany-BA, e terminou empatada em 1 a 1. O recorde de público do Fonte Nova foi anotado em 1989, no jogo entre Bahia e Fluminense, válido pela semifinal do Campeonato Brasileiro do ano anterior, que acabou sendo conquistado pelo Tricolor baiano. 110.438 pessoas pagaram para assistir àquela partida, vencida de virada pelo Bahia por 2 a 1, com dois gols de Bobô e Gil. Washington fez o gol do Fluminense.


 


Tragédia


 


O inquérito que investiga o caso é conduzido pela 6ª CP (Brotas). Neste domingo, a delegada Maria Andrade Ramos disse que quer ouvir testemunhas e representantes da diretoria do estádio, do governo do Estado e da Federação Baiana de Futebol.


 


Cerca de 60 mil pessoas estavam no estádio no momento do acidente. Elas tinham acabado de assistir uma partida entre Bahia e Vila Nova que terminou em 0 a 0. O resultado garantiu ao Bahia acesso à Série B do Campeonato Brasileiro em 2008.


 


Willian, um dos médicos do Bahia, enquanto prestava socorro às vítimas no gramado, revelou que o quadro pode ser ainda pior.


 


“No campo tinha várias pessoas em situação grave, com fraturas expostas em membros inferiores, lesões na coluna, pessoas sendo atendidas”, disse.


 


Dentro do gramado, a euforia exagerada de muitos torcedores manifestou-se através de invasões e depredações. Placas de publicidade, banco de reservas e até as redes dos gols sofreram atos de vandalismo.


 


Enaenco


 


Um estudo com diagnóstico completo do estado das estruturas esportivas brasileiras será entregue às autoridades municipais, estaduais e federais pelo Sianenco no 8º Enaenco (Encontro Nacional de Arquitetura e Engenharia), nos dias 29 e 30 de novembro, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo.


 


Com o  tema “Copa 2014: Brasil antes e depois”, o evento trará  discussões sobre  investimentos necessários para o desenvolvimento da infra-estrutura brasileira, de forma a capacitar o país para recepcionar o Mundial e o considerável contingente de turistas de todo o mundo que virá ao país por ocasião da Copa.


 


“O evento insere-se no conceito adotado pelo setor de arquitetura e engenharia consultiva de que é necessário pensar antes para fazer melhor, ou seja, planejar com antecedência para evitar problemas, como os que infelizmente vimos acontecer nas obras para a realização dos Jogos Pan-Americanos, em julho, no Rio de Janeiro”, explica José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco.


 


Acesse relatório completo do Sinaenco sobre os estádios da Bahia: www.copa2014.org.br/estadios_ba.asp