Messias Pontes: Lula dá mais uma pancada no ego do Coisa Ruim
O Coisa Ruim não se conforma com as sucessivas conquistas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois que deixou o governo, em 1º de janeiro de 2003, o líder máximo tucano sentiu a segunda grande pancada no seu ego: todas as pesquisas de op
Publicado 28/11/2007 09:27 | Editado 04/03/2020 16:37
O fato de não ter tido condições de propor um terceiro mandato, tendo sido ele um dos avalistas internacionais do terceiro mandato do ditador peruano Alberto Fujimori – que espera julgamento por crimes de corrupção, tráfico de armas e genocídio pela justiça peruana; de não ter conseguido também entregar a Petrobras a preço de banana, como fez com outras empresas estatais estratégicas; de não ter conseguido assinar o tratado da ALCA, fazendo o Brasil voltar à condição de semi-colônia, igualmente frustrou enormemente o Coisa Ruim; e a reeleição de Lula, derrotando fragorosamente o candidato tucano-pefelista-pepessista Geraldo Alckmin, o deixou de molho.
Considerado “um poço de vaidades” até por seus correligionários, o ex-presidente tem vivido um verdadeiro inferno astral nos últimos cinco anos, notadamente nos últimos 30 dias. A descoberta da maior reserva de petróleo e gás no campo de Tupi, na bacia de Campos, era tudo o que o Coisa Ruim não queria, já que o seu espírito entreguista e traidor não admite, como não admite também o destemor do presidente Lula ao afirmar que um ministro seu não tira os sapatos em aeroportos norte-americanos, numa referência à humilhação sofrida pelo chanceler tucano após o 11 de setembro de 2001.
Para quem sempre se considerou o mais importante de todos, estando sempre por cima da “carne seca”, a desfeita até do seu candidato Geraldo Alckmin, que não queria vê-lo nem por perto do seu palanque, foi uma humilhação insuportável. Não só Alckmin, mas todos os candidatos tucanos, em todos os estados, procuraram se desvencilhar da figura do ex-presidente. Este até tentou subir em palanques tucanos, mas foi rejeitado.
Arauto da ética, o neo-udenista teve de engolir a seco muitos livros mostrando o desastre da sua administração, a exemplo dos dois volumes de O Brasil privatizado – o desmonte do Estado, e O assalto das privatizações continua -, do jornalista Aloysio Biondi; e O Mapa da Corrupção no Governo FHC, dos também jornalistas Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura, ambos da Editora Fundação Perseu Abramo; e O Desmonte da Nação em Dados, de Ivo Lesbaupin e Adhemar Mineiro, da Editora Vozes. Entrar para a história como entreguista, traidor da pátria e o pior presidente do País, é demais para quem a vaidade tem o céu como limite.
Inconformado com os sucessivos sucessos do governo Lula, apesar dos equívocos e erros cometidos, em especial no tocante à política macroeconômica que continua com viés neoliberal, o Coisa Ruim decidiu partir para o ataque, deixando de lado a sua condição de ex-presidente, assumindo o comando da oposição de forma irracional. Tudo fez para impedir, nas comissões técnicas do Senado, a entrada da Venezuela no Mercosul e a aprovação da emenda constitucional que prorroga a CPMF até 2011. Mas foi derrotado.
Para seu desespero, ele viu o seu candidato in pectori José Serra ter seu discurso interrompido pelo governador Aécio Neves, e ele próprio ser vaiado pela claque da Juventude do PSDB, ligada ao governador mineiro, durante o terceiro congresso tucano, no último dia 22, em Brasília. Até mesmo no ninho tucano ele é rejeitado por ponderável parcela dos emplumados. Em desespero de causa, conclamou os tucanos a declararem guerra a Lula e partir para uma campanha midiática para “mostrar” que o que tem de bom no atual governo é herança dos oito anos de tucanato. Quanta cara-de-pau!
Por fim, ontem, a ONU divulgou que o Brasil passou a integrar a lista dos países com melhor IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, coisa inédita em 507 anos. O fato é dos mais alvissareiros, dado que o Estado brasileiro foi praticamente desmontado pelos neoliberais tucano-pefelistas nos oito anos de desgoverno. Esta foi uma pancada quase mortal para o Coisa Ruim, que nunca se conformou com o fato, também inédito para um brasileiro, de Lula ser considerado um dos 100 mais influentes do mundo.
O tiro de misericórdia dado pelo presidente Lula foi disparado na noite de ontem, durante entrevista à TV Record, ao responder ao insulto do seu antecessor por ocasião do congresso nacional do PSDB, quando o Coisa Ruim insinuou que o seu sucessor é semi-analfabeto, ao afirmar “que os brasileiros sejam bem-educados e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria”.
Lula não se fez de rogado e observou que “é verdade que ele teve mais anos de escolaridade que eu, mas é verdade que eu sei governar melhor que ele”, e enfatizou que, quando terminar o seu mandato, em 2010, “190 milhões de brasileiros e quem mais quiser vão fazer uma investigação sobre o que Fernando Henrique fez pela educação em oito anos e o que eu fiz”. Lula deu ainda uma lição de moral no Coisa Ruim ao afirmar que ao deixar a Presidência vai mostrar que é possível cumprir seu mandato, fechar a boca e deixar o seu sucessor trabalhar.
Bem que o ex-sociólogo poderia ter ido dormir sem esta. Se é que ele conseguiu dormir depois de tamanha porrada!
Messias Pontes é jornalista