PT: Articulação de Esquerda avalia PED e indica voto em Tatto
A tendência Articulação de Esquerda (AE), que disputou o processo de eleições diretas do PT atarvés da chapa ''A Esperança é Vermelha'' e tendo como candidato à presidência o jornalista e secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, divul
Publicado 05/12/2007 21:14
''Lutamos bravamente para que a disputa do segundo turno fosse travada entre uma candidatura de esquerda e a candidatura do antigo “campo majoritário”. (…) Inviabilizada esta alternativa, cabe-nos impedir que o antigo campo majoritário recupere uma posição de força. Para impedir que isto ocorra, a direção nacional da Articulação de Esquerda recomenda o voto e fará campanha para Jilmar Tatto ser eleito o novo presidente nacional do PT'', diz o documento da AE.
Resultados
Às 11h30 desta quarta-feira (5), o PT divulgou o resultado final da eleição interna ocorrida no último domingo (2). Mais de 326 mil petistas participaram do primeiro turno do PED 2007, que iniciou o processo de escolha dos dirigentes do PT, em todos os níveis, para os próximos dois anos.
O total, divulgado pela coordenação de apuração do PED, é superior ao registrado nas eleições internas de 2005 (314.926) e não inclui os votos de 1.413 municípios onde o PT está organizado em Comissões Provisórias. Nestas cidades, os filiados puderam votar apenas nas chapas e candidatos locais – motivo pelo qual não aparecem no cálculo nacional.
A divulgação da sétima e última parcial confirmou que a presidência nacional do PT será definida em segundo turno, no próximo dia 16, entre os deputados federais Ricardo Berzoini e Jilmar Tatto.
Dos 326.147 votos apurados, Berzoini obteve 131.699 (43,42%) e Tatto 61.440 (20,25%). Na seqüência aparecem José Eduardo Cardozo (19,02%), Valter Pomar (12%), Gilney Viana (3,71%), Markus Sokol (0,99%) e José Carlos Miranda (0,61%).
Os dados estão sujeitos a pequenas alterações, já que a totalização oficial ainda depende de alguns votos não computados e da conferência das atas de votação – que deverá ser concluída até sexta-feira.
Confira abaixo a votação dos candidatos e chapas nacionais, de acordo com a sétima e última parcial do PED 2007.
Veja, abaixo, a íntegra da nota divulgada pela AE:
Resolução da Articulação de Esquerda sobre o segundo turno
A direção nacional da Articulação de Esquerda, reunida no dia 5 de dezembro de 2007, avaliou os resultados do primeiro turno da eleição das novas direções partidárias (PED) e aprovou a seguinte resolução:
1.A participação de de 326 mil filiados no primeiro turno do PED demonstra, mais uma vez, a força do Partido dos Trabalhadores, único partido brasileiro a eleger pelo voto direto suas direções e o único capaz de tamanha mobilização;
2.Os resultados finais do primeiro turno, em âmbito municipal, estadual e nacional, devem ser objeto de atenta análise. Também devem ser objeto de nossa análise e dura crítica, um conjunto de distorções constatadas no processo, entre as quais a desigualdade material entre as chapas e candidaturas concorrentes, as filiações em massa e as cotizações anti-regimentais, o exercício do voto sem conhecimento prévio das teses apresentadas pelas chapas e candidaturas concorrentes, bem como outros graves problemas que se verificaram no curso do PED, em 2001, 2005 e 2007.
3.Em caráter preliminar, algumas conclusões são possíveis:
a) o antigo ''campo majoritário'', hoje denominado de ''Construindo um novo Brasil'', fracassou no seu intento de recuperar a maioria absoluta no Diretório Nacional do PT. Isto é extremamente positivo, pois a pluralidade é uma pré-condição para o funcionamento regular e democrático da principal instância partidária;
b) nos dois turnos de 2005 houve uma polarização entre a ''esquerda petista'' e o ''campo majoritário''. Já no primeiro turno de 2007, apesar dos nossos esforços, a contraposição principal se deu entre forças de ''centro'' (organizadas nas chapas encabeçadas por Berzoini, Tatto e Cardozo);
c) a esquerda petista poderia ter obtido um resultado melhor, tanto política quanto eleitoralmente, se pelo menos as chapas “A esperança é vermelha” e “Militância socialista” estivessem unificadas;
d) a esquerda petista poderia estar representada no segundo turno, se a tendência ''Democracia Socialista'' tivesse optado por uma aliança preferencial à esquerda;
e) a chapa ''A esperança é vermelha'' e a candidatura à presidência nacional de Valter Pomar obtiveram em 2007 um resultado semelhante ao de 2005. Considerando as condições em que se travou a disputa, a força política e material das demais chapas e candidaturas, a cobertura tendenciosa de grande parte da mídia, bem como as expectativas negativas que alguns setores nutriam a respeito de nossas chances, podemos nos orgulhar do resultado conquistado;
f)este resultado positivo é reforçado pelo desempenho que “A esperança é vermelha”, em particular a Articulação de Esquerda, obteve em várias disputas estaduais e municipais. Os resultados obtidos na Bahia, Espírito Santo, Pernambuco e Santa Catarina, entre outros, são particularmente significativos.
4. Como em 2005, haverá segundo turno para escolher o novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores.
5. Ao contrário de 2005, quando a disputa foi entre um candidato do antigo “campo majoritário” e um candidato da esquerda petista, desta vez ocorrerá uma disputa entre duas candidaturas de “centro”, com posições ideológicas, programáticas, estratégicas, métodos de direção e trajetórias internas ao PT que possuem muitos pontos de coincidência.
6. Estas semelhanças não minimizam uma diferença fundamental: uma destas candidaturas simboliza, para o PT e para parcelas importantes de nossa base social, a hegemonia de um grupo (o antigo “campo majoritário”, atual “Construindo um novo Brasil”) cujos métodos de direção e cuja estratégia política, qualquer que seja a avaliação que se faça sobre sua validade no passado, estão esgotados.
7. Setores do antigo “campo majoritário” têm consciência plena desse esgotamento, havendo inclusive os que defendem que a dissolução desta fração é um passo necessário para a abertura de uma nova fase da vida partidária.
8.Outros setores do antigo “campo majoritário” tentam recuperar uma posição de força, através da tentativa (agora frustrada) de reconquistar a maioria absoluta no Diretório Nacional e da candidatura à reeleição do atual presidente.
9. Lutamos bravamente para que a disputa do segundo turno fosse travada entre uma candidatura de esquerda e a candidatura do antigo “campo majoritário”. Dissemos abertamente que isto garantiria um segundo turno com mais nitidez.
10. Inviabilizada esta alternativa, cabe-nos impedir que o antigo campo majoritário recupere uma posição de força. Para impedir que isto ocorra, a direção nacional da Articulação de Esquerda recomenda o voto e fará campanha para Jilmar Tatto ser eleito o novo presidente nacional do PT.
11. Esperamos que o apoio a Tatto seja, também, a posição das candidaturas e chapas que, durante o PED, defenderam mudanças nos rumos do Partido. A começar pela “Mensagem ao Partido”, que nos seus “13 pontos para renovar o PT” criticou explicitamente a concentração do “poder partidário num pequeno grupo dirigente de um campo majoritário com forte disciplina interna”.
12. A Articulação de Esquerda seguirá lutando para que o novo Diretório Nacional do Partido implemente as prioridades defendidas por nossa chapa e por nossa candidatura à presidência nacional: a vitória nas eleições de 2008, a reaproximação com os movimentos sociais e com os partidos de esquerda, a ampliação da influência do PT no governo Lula, a construção da escola nacional de formação política, o lançamento do jornal da militância, a realização do primeiro congresso da juventude petista, a construção de uma candidatura petista para disputar e vencer a eleição presidencial de 2010;
13. Qualquer que seja o resultado do segundo turno, a Articulação de Esquerda reafirma a necessidade de sintonia entre as tendências da esquerda petista, bem como um diálogo com todos os setores que reconhecem a necessidade de novos métodos de direção e de uma nova estratégia política, para que o Partido dos Trabalhadores esteja à altura das possibilidades abertas, no Brasil e na América Latina, para a luta contra o neoliberalismo e pelo socialismo.
A direção nacional da Articulação de Esquerda
Brasília, 5 de dezembro de 2007