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Uribe anuncia 'zona de encontro' para troca de reféns com Farc

O presidente colombiano, Alvaro Uribe, anunciou nesta sexta-feira (7) que autoriza a criação de uma “zona de encontro” para acertar com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) uma troca de reféns por rebeldes presos, cuja

“Essa zona terá a presença de observadores internacionais e, lá, os presentes, para definir o intercâmbio humanitário, não deverão estar armados”, afirmou Uribe, em uma cerimônia em Bogotá.


 


Uribe disse ainda que esse território será de 150 km2 em uma zona rural, onde não há postos da polícia ou do Exército, e acrescentou que a proposta lhe foi apresentada pela Igreja Católica.


 


“A Igreja Católica e a Comissão Nacional de Conciliação nos propõe (criar) uma zona de encontro. O governo manifesta a disposição de aceitá-la”, enfatizou o presidente, acrescentando que a área “deve estar, preferencialmente, sem população civil ou com muito pouca para não criar riscos”.


 


“Recebi com agrado a resposta positiva do presidente à nossa solicitação. O resto tem de ser feito, mas desejo que as Farc nos dêem este presentinho de Natal, aceitando a zona, para começar a planejá-la de maneira muito rápida e clara”, comentou o monsenhor Luis Augusto Castro, presidente da Conferência Episcopal.


 


Segundo o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, essa zona teria vigência máxima de um mês.


 


Uribe também anunciou que seu governo destinou um fundo de 100 milhões de dólares para recompensar guerrilheiros que decidirem entregar seqüestrados em seu poder.


 


Entre os 45 reféns que as Farc propõem trocar, estão três americanos, a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e dezenas de políticos, militares e policiais colombianos.


 


Para essa proposta, foram consultados representantes da Justiça e generais da reserva, e informou-se, antecipadamente, o governo da França, cujo presidente Nicolas Sarkozy já expressou seu compromisso de buscar a libertação de Betancourt e dos demais reféns.


 


Na terça-feira, Bogotá anunciou que buscaria uma negociação direta com as Farc, com mediação da França, para tratar da troca de 45 reféns por 500 rebeldes presos, duas semanas após interromper a mediação do presidente venezuelano, Hugo Chávez.


 


A zona de encontro proposta por Uribe renovou as esperanças dos familiares dos reféns, embora analistas considerem improvável que as Farc respondam positivamente, pelo menos em um primeiro momento, a uma proposta unilateral.


 


“Deixando de lado todas as palavras supérfluas, que por um momento senti que tiravam a grandeza do anúncio (…), podemos ver um gesto positivo do presidente”, declarou a mãe de Ingrid Betancourt, Yolanda Pulecio, à imprensa local.


 


Menos otimista está o ex-decano de Relações Internacionais da privada Universidade Javeriana Fernando Giraldo. “Não vejo muita possibilidade de êxito desta iniciativa, enquanto não houver um pré-acordo. As Farc não vão se deixar meter em uma proposta unilateral de Uribe. Eles querem um protagonismo político”.


 


Brasil oferece ajuda


 


O governo brasileiro anunciou nesta sexta que está “totalmente disposto” a ajudar no que for possível para conseguir a libertação dos seqüestrados.


 


“O Brasil está totalmente disposto a ajudar no que for possível, dentro do respeito à soberania da Colômbia e em cooperação com o Governo colombiano”, declarou em entrevista coletiva o porta-voz de Lula, Marcelo Baumbach.


 


O porta-voz esclareceu, no entanto, que até agora o Brasil não recebeu pedido algum do Governo colombiano. “Se fosse recebido um convite, seria analisado do ponto de vista da disposição histórica do Brasil de cooperar na resolução desse tipo de questões”, acrescentou Baumbach.


 


Fontes da Chancelaria colombiana disseram hoje à Agência Efe em Bogotá que a “Colômbia não busca mais mediadores”.


 


No próximo fim de semana, Uribe, Chávez e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajarão para Buenos Aires, para a posse da presidente recém-eleita da Argentina, Cristina Kirchner, e devem aproveitar o encontro para discutir a situação.


 


Fonte: AFP