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Após roubo, Masp confirma duas exposições internacionais

O susto em ter obras de Picasso e Portinari furtadas ainda nem foi superado e o Museu de Arte de São Paulo (Masp) já se prepara para receber duas exposições internacionais em janeiro de 2008. Na quinta-feira (20), em apenas três minutos, pelo menos três h

As duas exposições devem ser inauguradas em 11 de janeiro. Uma delas é uma homenagem aos cem anos da imigração japonesa para o Brasil, com mil fotografias, 160 desenhos e dez vídeos do japonês Tatsumi Orimoto. A mostra, intitulada “A Arte contemporânea, a mãe, os avós e o convívio social aos olhos de Tatsumi Orimoto”, é a primeira retrospectiva fora do Japão nos 40 anos de carreira do artista.


 


Um dos destaques da exposição é a série “Art Mama”, cuja protagonista é a mãe de Orimoto, que sofre de Alzheimer. O material, que ocupa o 1º e o 2º subsolo do museu, deve ficar exposto até o dia 06 de abril.


 


“Caçadores de sombras” é o título da segunda exposição, que pretende atrair os visitantes com 92 imagens de paisagens, faces, objetos, edificações e cenas do cotidiano. As fotos foram tiradas por 16 artistas e transitam entre tons claros e escuros. Entre a luz e a sombra.


 


A mostra, de origem espanhola, fica no Masp até 29 de fevereiro. As fotos são assinadas por Mario de Ayguavives, Sergio Belinchón, Tomy Ceballos, Javier Codesal, Manel Esclusa, Pere Formiguera, Amparo Garrido, Germán Gómez, Dionisio González, Anna Malagrida, Alicia Martín, Begoña Montalbán, Rafael Navarro, Concha Pérez, Xavier Ribas e Juan Urrios.


 


Frustração


 


O fechamento do Masp nesta sexta, às vésperas do Natal, deixou frustrados vários turistas. Muitos deles aproveitaram as férias ou os dias de folga para conhecer o local. Mas, tiveram de adiar a visita para o dia 26, data prevista de reabertura do local.


 


O casal de namorados Gisele Reami, de 27 anos, e Marcelo Brum Correa, de 41 anos, saíram de Piracicaba, no interior de São Paulo, por volta de 9h desta sexta, com o intuito de irem ao centro de compras Stand Center e ao Masp, ambos localizados na Avenida Paulista. Para o azar deles, ambos estavam fechados. Eles só não perderam a viagem porque foram almoçar com um amigo que mora na capital.


 


Gisele, que é professora e pedagoga, ficou especialmente chateada porque nunca tinha ido ao museu. “Fiquei muito frustrada porque queria muito conhecer o Masp. Terei de voltar numa outra ocasião”. Correa, que é médico e já morou em São Paulo, ouviu pelo noticiário que um museu teve dois quadros furtados, mas não imaginava que fosse justamente o Masp. Mas para ele, a decisão de fechar o museu foi correta. “Esse furto precisa mesmo ser investigado”, disse.


 


Depois de se deparar com as portas fechadas do museu, o casal decidiu ir tomar um café, dar uma volta e rumar de volta para Piracicaba no fim da tarde desta sexta.


 


Americanos


 


O cartaz fixado na entrada do museu com o aviso “Em virtude de problemas técnicos, o Masp está fechado à visitação pública. Previsão para reabertura em 26/12/2007” era um enigma para o casal de holandeses Peter Dorth, de 33 anos, e Marie Dussen, de 26 anos. Informados pela reportagem sobre o fechamento temporário do museu, eles não esconderam a frustração.


 


Segundo Marie, a intenção do casal era conhecer o acervo e comprar uma ilustração de algum pintor brasileiro. Eles já tinham ouvido falar do Masp por causa da arquitetura modernista do prédio. Como o museu só deve reabrir no dia 26, eles não poderão conhecê-lo porque até lá estarão no Rio de Janeiro para passar o réveillon.


 


Pela mesma situação passou Marina Lalau, de 62 anos, gerente de restaurante em São Francisco, nos EUA. Ela levou a filha e o namorado, ambos americanos, para conhecerem o acervo do museu. Foi surpreendida pelo aviso do fechamento. “Que pena, queria tanto mostrar essa riqueza cultural, porque eles adoram arte”, afirmou. Como ela irá na manhã do dia 26 para Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, passar o réveillon, disse que terá de adiar o plano de visitar o museu para 2008.
 


Vendedores saíram ganhando


 


O administrador Willian Girarde, de 26 anos, aproveitou o recesso na escola em que trabalha para visitar o Masp pela terceira vez. Ele apostou que o local estaria aberto, mesmo após o furto. Mas viu as bilheterias fechadas. Ele achou o furto um absurdo. “Pessoas que não valorizam a cultura acabam fazendo isso, sem saber que é através dessa mesma cultura que o Brasil pode mudar”, disse.


 


Para o administrador, São Paulo acaba perdendo com o episódio. “Muitos visitantes que estão a turismo nessa época do ano na cidade perdem de conhecer o Masp. E, consequentemente, a cidade também perde”, afirma.


 


Elias de Jesus Rocha, orientador de público do Masp, fica na frente do museu das 10h às 18h. Ele presenciou nesta sexta muitos visitantes, em sua maioria estrangeiros, saírem chateados com o aviso do fechamento. Coube ao funcionário, que disse “dar uma arranhadinha no inglês”, dar a má notícia para muitos deles. “Muitas dessas pessoas só tinham hoje para visitar o museu, é uma pena”. Segundo Rocha, o movimento no Masp aumenta muito a partir da segunda semana de dezembro.


 


Enquanto o museu perde com o fechamento, quem ganha são dois vendedores de livros de poesia que ficam em frente da entrada. A cada visitante que chegava, eles não perdiam tempo em oferecer as obras. Mas nem sempre eram bem-sucedidos.


 


Investigação


 


As investigações da Polícia Civil de São Paulo sobre o furto das telas “O lavrador de café”, de Cândido Portinari, e “Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso (1881-1973), avaliadas em cerca de R$ 100 milhões, estão concentradas na 1ª Seccional (Região Central). De acordo com o delegado Fernando Schmidt, 13 funcionários do museu foram ouvidos ao longo desta sexta-feira (21).


 


O delegado não deu detalhes da apuração. Disse apenas que a polícia “tem duas linhas de investigação” e que a imagem do rosto de um dos ladrões flagrados pelo circuito interno de TV do Masp será confrontada com uma “lista de suspeitos”. Segundo Schmidt, quatro equipes da Seccional estão no caso.