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Gil quer unir forças para garantir segurança nos museus

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse nesta sexta-feira (21) que o furto de dois quadros do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na quinta-feira (20), pode ter sido cometido por gangues internacionais. Segundo ele, é preciso unir esforços com os govern

“Problemas desse tipo acontecem o tempo todo, no mundo inteiro. A cobiça dos grupos organizados internacionais é muito grande. Roubos como esse, provavelmente, não foram feitos por brasileiros. Devem estar ligados a gangues internacionais.” Juntas, as obras levadas pelos criminosos – “O lavrador de café”, de Cândido Portinari, e “Retrato de Suzanne Bloch”, de Pablo Picasso (1881-1973) – estão avaliadas em R$ 100 milhões.


 


Gil, que garantiu a permanência no cargo em 2008, não quis comentar se a segurança no Masp seria falha. “O Masp é que sabe”. Na manhã desta sexta, o presidente do Masp, o arquiteto Julio Neves, disse que faltou dinheiro para investir na segurança do museu, cujo acervo é um dos mais importantes da América Latina.


 


“Não tínhamos os recursos para poder fazer [a segurança]. Agora, vamos atualizar. O que se pode fazer é sofisticar alguns equipamentos”, afirmou Neves, durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, na Zona Sul de São Paulo. O arquiteto não descartou buscar na Europa a nova tecnologia em segurança para o Masp.


 


“Existem alarmes que só em chegar mais perto do quadro tocam”, disse. Neves admitiu também que não há alarme sonoro no prédio do Masp, localizado na Avenida Paulista. “Ele é ligado ao circuito de TV. Não tem alarme mais alto”. Questionado, então, de que forma poderia se detectar um ladrão, ele completou: “pela segurança, pela ronda”.


 


Obras sem seguro


 


Nenhuma das 8 mil obras do acervo do Masp possui seguro, informou a assessoria de imprensa do museu nesta sexta. Cerca de 300 ficam em exposição. Parte desse acervo exposto são as duas telas furtadas por criminosos na quinta-feira (20). As outras 7,7 mil obras ficam guardadas em um cofre.


 


Segundo a assessoria de imprensa do museu, “não é comum segurar as obras de arte e seria inviável segurar obras tão caras”. A assessoria afirma também que o museu nunca contou com sistema de alarme. A segurança é feita apenas por câmeras e rondas de segurança feitas por 24 horas.


 


Por conta do tamanho do furto – o mais grave, segundo a direção, em 60 anos de existência do museu -, o Masp decidiu acionar a Interpol, a Polícia Federal (PF) e o Itamaraty para ajudar nas investigações. Em nota oficial, assinada por Fernando Pinho, superintendente Administrativo e Financeiro, o museu também informou que vai abrir sindicância interna. No momento do assalto, ocorrido no segundo andar, os três vigias de plantão estavam no subsolo.


 


De acordo com Pinho, “os quadros ficavam em salas separadas e distantes, caracterizando, portanto, alvos específicos da ação”.


 


Masp não descarta envolvimento de funcionários


 


O presidente do Masp, Julio Neves, afirmou nesta sexta, à rádio CBN, que não quer ser leviano, mas não descarta a participação de funcionários do museu no roubo dos quadros na madrugada da última quinta.


 


Nas primeiras declarações sobre o roubo, Neves também sustentou que o sistema de segurança se mostrou adequado e que o esquema de usar guardas era considerado o melhor possível. Ele disse ainda que o Masp usará recursos da Lei Rouanet em 2008 para compra de novos equipamentos


 


O presidente do museu acredita que as obras serão recuperadas e disse que as fronteiras estão em alerta para impedir saída dos quadros do país. Ele ainda se mostrou preocupado com a dificuldade que museus brasileiros vão enfrentar daqui para frente para convencer o exterior de que temos segurança para trazer e expor aqui obras de arte.


 


O roubo dos quadros repercutiu mal lá fora. Uma reportagem do jornal espanhol El Mundo afirma que o furto dos quadros de Picasso e Portinari do Museu de Arte de São Paulo (Masp) expõe condições de segurança “nefastas” nos museus latino-americanos.


 


O episódio também foi parar nas páginas de outros jornais europeus, americanos e sul-americanos. Já o britânico The Guardian destaca que a ação foi planejada “em detalhes de minuto”, e que a polícia não descarta a possibilidade de ter havido colaboração de pessoas do próprio museu.


 


Investigações
 


A partir desta sexta-feira, a polícia toma depoimentos dos funcionários do Masp. Para a polícia, pelo menos três pessoas participaram do furto, mas o envolvimento de um quarto criminoso não é descartado, já que um fone de ouvido foi encontrado no museu junto com o pé-de-cabra usado pelos criminosos para quebrar um vidro. Uma porta de ferro foi arrombada com ajuda de um macaco hidráulico.


 


No exterior, a Interpol alertou 186 países-membros sobre o roubo das telas. A Interpol possui um banco de dados de obras de arte roubadas que pode ser acessado por todos os países-membros e que circula em DVD para a polícia, museus, colecionadores e antiquários. O material contém informações sobre cerca de 31,5 mil obras de arte roubadas, como pinturas, esculturas e tapeçarias.