Pelo menos 14 paquistaneses mortos em onda de protestos
Violentos protestos e confrontos aconteceram por todo o Paquistão depois do assassinato da ex-primeira ministra e líder oposicionista Benazir Bhutto, nesta quinta-feira (27), em Rawalpindi. Ao saberem da notícia da morte, partidários de Benazir saquea
Publicado 28/12/2007 15:05
Akhtar Zaman, ministro do Interior de Sindh, disse que este número corresponde ao período a partir das 18 horas de quinta-feira, quando a violência irrompeu junto com a notícia do crime. Ele previu que a situação poderia se agravar depois do sepultamento de Benazir, na tarde de sexta-feira (28), em Larkana, Sindh.
Governo dá ordem para rangers atirarem
Estações de trem e muitas composições ferroviárias foram incendiadas na província. Isso forçou a suspensão do tráfico de trens entre Karachi, capital de Sindh e maior cidade paquistanesa, e a província de Punjab, conforme as autoridades ferroviárias. A conexão com a índia também foi interrompida.
No Vale do Swat, noroeste do Paquistão, uma bomba acionada por controle remoto matou quatro pessoas, inclusive um político do partido que dá sustentação ao governo do general-presidente Pervez Musharraf. Em Islamabad, a capital, cerca de uma centena de pessoas ergueram uma barricada com pneus em chamas na área comercial da cidade.
O governo da província de Sindh deu ordens para que as forças paramilitares dos rangers atirasse nas pessoas que se envolvessem em distúrbios em karachi. O major Athar Ali, porta-voz da corporação, disse que ''os paramilitares rangers receberam ordens para atirar caso vissem desordeiros realizando atividades anti-Estado, atacando propriedade do governo ou incendiando bens privados''.
Os rangers contam com 16 mil homens em toda a província de Sindh, 10 mil dos quais concentrados em Karachi. Tropas foram enviadas também para as cidades de Larkana, Sukkur, Shahdad Kot e Rohri, todas em Sindh.
Um porta-voz militar, major-general Waheed Arshad, disse que ''tropas se posicionaram nestas cidades. As tropas permanecerám as cidades e ajudarão as autoridades locais em qualquer eventualidade'', agregou Arshad.
Musharraf responsabiliza o Talibã
Cerca de 4 mil partidários do PPP (Partido do Povo Paquistanês, de Benazir) fizeram uma manifestação nesta sexta-feira em Peshawar, a maior cidade do noroeste do país. Várias centenas de pessoas saquearam os escritóprios de um aliado político de Musharraf e incendiaram o local.
Musharraf atribuiu a autoria do assassinato de Benazir Bhutto a combatentes do Talibã, que possuiriam bases ao longo da fronteira com o Afeganistão. ''Não descansaremos enquanto não eliminarmos esses terroristas e arrancarmos suas raízes'', disse ele num discurso transmitido pela TV.
No entanto, as autoridades policiais ainda não identificaram o atacante. ''É cedo demais para dizer quem pode ter sido o responsável'', disse Saud Aziz, um rfesponsável da polícia de Rawalpindi. Ele acrescentou que uma comissão conjunta da polícia e de outras instituições ligadas à segurança estava investigando o caso.
Muitos observadores levantaram dúvidas sobre as chances dos culpados virem a ser capturados. ''Logo depois do assassinato de Benazir Bhutto, as imagens da TV mostraram carros de bombeiro dirigindo seus jatos para a cena do crime, no que só pode ser considerado uma tentativa deliberada de destruir evidências'', escreveu nesta sexta-feira o analista paquistanês Hussain Haqqani.
Com informações da Al Jazira