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Assassinatos de índios aumentaram 60% em 2007, denuncia Cimi

Pelo menos 76 índios foram assassinados no Brasil em 2007 — mais de um a cada cinco dias –, revela levantamento preliminar do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O número supera em quase 60% os assassinatos de 2006, que já foram os mais numerosos d

O Mato Grosso do Sul assistiu em 2007 ao assassinato de 48 indígenas, contra 28 no restante do país. Em segundo lugar no levantamento do Cimi aparece Pernambuco, com oito mortes nos últimos 12 meses.



Os números divulgados pelo Cimi incluem casos que receberam destaque da imprensa brasileira. Entre eles, o do líder guarani-kaiowá Ortiz Lopes, morto a tiros em Mato Grosso do Sul, e do cacique Joaquim Guajajara, da Terra Indígena Araribóia, baleado no Maranhão.



Violência se acirra “de maneira exorbitante”



O levantamento completo sobre violência contra povos indígenas deve ser divulgado em abril. Além de detalhar os casos de homicídio, o estudo deve apresentar outros abusos sofridos pelos índios que, segundo o Cimi, não são de conhecimento público.
“O Cimi vai apresentar dados completos e vai alcançar outros tipos de violência que são praticados contra a comunidade indígena que são inúmeras. O relatório vai trazer dados de 2006 e 2007”, explicou o vice-presidente do conselho, Roberto Liebgott, em entrevista à Agência Brasil.



Para Liebgott,  a falta de políticas públicas para atender interesses dos povos indígenas e as disputas territoriais são as principais causas do aumento do número de índios assassinados no Brasil. “Os atos de violência têm se acirrado de uma maneira exorbitante nos últimos tempos. Nesse último ano é uma coisa que nos abala profundamente. A gente percebe que na verdade existe uma negligência do Estado nesse sentido. O Estado deveria dar mais atenção à questão indígena”, avaliou o porta-voz do Conselho Indigenista Missionário.



“O que nos preocupa é o fato de o governo não ter estruturado uma política indigenista no país de acordo com as necessidades e os anseios das populações indígenas. Nesse sentido, tem se intensificado a pressão sobre as áreas indígenas e conseqüentemente os conflitos que levam a assassinatos de inúmeras lideranças e de outras pessoas nas comunidades.”



Situação de MS exige “intervenção imediata do Estado”



Liebgott explicou também o porquê da concentração dos assassinatos em Mato Grosso do Sul. “Naquela região existe uma situação de confinamento de população indígena em pequenas reservas. São milhares de pessoas praticamente confinadas em áreas diminutas, o que leva a inúmeros conflitos naquela região. Ali seria necessária a intervenção imediata do Estado brasileiro na perspectiva de aliviar a população dessas áreas por meio de demarcações de terras”, completou.



Desentendimentos por questões territoriais também são responsáveis pelos conflitos violentos nos demais estados, de acordo com os levantamentos do Cimi.



“Em outras regiões os conflitos também são eminentemente em função da terra. Há muitos invasores de territórios indígenas que querem usufruir dos recursos naturais existentes nas áreas. Os povos indígenas fazem pressão contra as invasões e aí há automaticamente conflito e assassinato de pessoas”, explicou o vice-presidente do conselho.



Com informações da Agência Brasil