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IBGE: Nordeste cresceu, mas desigualdade ainda é grande

Apesar da melhora nas condições de vida da população do Nordeste nos últimos anos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desigualdade ainda é muito gra

Segundo a coordenadora dos Indicadores Sociais do IBGE, Ana Lúcia Sabóia, a pesquisa identificou que o Nordeste foi a região com maior crescimento na renda familiar média entre os anos de 2005 e 2006, atingindo 12%. Sabóia informou que houve melhoria nas condições de vida dos nordestinos em termos de saneamento dos domicílios e escolaridade da população, entre outros fatores.
 


A pesquisadora do IBGE informou que nos últimos anos os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, têm sido muito benéficos no Nordeste. “Houve não só uma melhora de renda; como existe a condicionalidade da criança freqüentar uma escola, a freqüência escola tem crescido e se mantido no Nordeste por conta desse tipo de programa social”, afirmou.
 


Sabóia disse que também a aposentadoria rural favorece as condições de vida da população nordestina no campo. “Um dos grandes programas que o Brasil teve sucesso foi a aposentadoria rural, porque beneficiou grande parte dessa população rural que está muito concentrada no Nordeste”, avalia.
 


Dificuldades históricas



Na análise da coordenadora de Indicadores Sociais do IBGE, os avanços alcançados não foram, entretanto, suficientes para alterar as condições de vida do nordestino, que são ruins. O Nordeste ainda tem condições precárias de sobrevivência da população, afirmou.



Ela destacou que na comparação com estados como São Paulo ou Rio de Janeiro, percebe-se que as condições no Sudeste são muito melhores do que as do Nordeste.
 


Sabóia identifica com um dos fatores dessa desigualdade a possibilidade de não estar ocorrendo repasse à população das riquezas obtidas por empresas que se instalaram no Nordeste. Ela destaca que como existe um grande contigente de trabalhadores para conseguir um posto no mercado de trabalho naquela região, geralmente esses postos que são oferecidos são de baixa remuneração.



“Existe muito posto de trabalho no Nordeste, no mercado informal, em que as pessoas ganham menos do que um salário mínimo. Já no Sudeste, é muito mais difícil você arrumar empregados em que se pague menos de um mínimo e sem carteira assinada”, avalia.
 


“O Nordeste vem carregando historicamente dificuldades muito grandes. E para que elas sejam rompidas, tem que haver uma nova dinâmica na economia. Principalmente na política. Quando houver uma decisão de que o Nordeste é prioridade, eu acho que esse crescimento vai de fato transcorrer de forma mais rápida”, concluiu.



Segundo dados da PNAD, a renda familiar média no Nordeste, que envolve salários e transferência de recursos de governo, subiu de R$676,64 reais para R$761,16. Já a renda disponível, referente aos valores que ficam efetivamente no bolso dos consumidores, teria aumentado 38% na mesma comparação.
 


Tendência de aumento



Na avaliação do economista Luis Henrique Romani de Campos, da Fundação Joaquim Nabuco, vinculada ao Ministério da Educação, a elevação da renda familiar média no Nordeste brasileiro foi influenciada pela ampliação do investimento em vários pontos da região. Segundo o pesquisador, houve um crescimento industrial importante no Nordeste do país nos últimos dois anos. E a tendência é de aumento desse movimento.
 


O economista defendeu que esse desempenho está fortemente atrelado ao aumento real do salário mínimo. Segundo ele, especialmente para os trabalhadores rurais que recebem aposentadoria, essa é uma grande fonte de renda no sertão e na zona da mata, resultando em grande movimentação na economia local.



“Quando há um aumento real do salário mínimo, há aumento real do rendimento de uma classe da população menos favorecida e que acaba consumindo muito. Isso gera efeitos multiplicadores na economia como um todo”, explicou.
 


De Brasília
Com agências