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Chávez diz que Farc têm projeto político e são legítimas

Um dia após a libertação de Clara Rojas e Consuelo González pelas Farc em “desagravo” a Hugo Chávez, o presidente venezuelano defendeu nesta sexta (11) que a guerrilha colombiana não é grupo terrorista, mas um “exército insurgente” que “tem um projeto pol

“Ainda que isso possa irritar alguns, as Farc e o ELN não são terroristas. São verdadeiros exércitos que ocupam espaços na Colômbia. Há que lhes dar reconhecimento, porque são forças insurgentes que têm um projeto político bolivariano que aqui é respeitado”, disse o venezuelano em discurso à Assembléia Nacional em Caracas.


 


Chávez pediu que a Colômbia e demais países da região, além dos europeus, retirem as Farc, a maior força guerrilheira colombiana, e também o ELN (Exército de Libertação Nacional), grupo que perdeu força nos últimos anos, da lista de organizações terroristas. “Só o fazem [listá-los] por um motivo: a pressão dos EUA”, disse.


 


Os EUA e a União Européia consideram a guerrilha terrorista, enquanto Brasil e Argentina evitam classificar o grupo. Sair da lista é uma demanda reiterada do guerrilha. Assim, as Farc crêem poder negociar em melhor condição a troca de seus guerrilheiros presos por 43 reféns políticos em seu poder e um eventual acordo de paz.


 


Reação colombiana


 


A proposta caiu com estrondo sobre Bogotá. O reconhecimento das Farc, que têm controle de parte do território colombiano, como “grupo insurgente” implicaria que o país está em guerra civil e implodiria a política “linha-dura” de segurança e combate ao narcotráfico do governo. “Todos os grupos violentos da Colômbia são terroristas. Terroristas são as Farc, o ELN, os paramilitares em processo de desmantelamento. São terroristas por atentar contra uma democracia respeitável e por seus métodos de extermínio da humanidade”, respondeu o presidente Álvaro Uribe em nota lida por seu porta-voz, Cesar Mauricio.


 


“O mundo não pode esquecer dos 750 cidadãos seqüestrados pelas Farc nos últimos dez anos que continuam desaparecidos.” Antes, o ministro colombiano do Interior, Carlos Holgín, dissera à rádio Caracol que a proposta era “insólita” e “sem cabimento”.


 


Ao incluir os paramilitares em seu comunicado, o governo Uribe busca também dar uma resposta às pressões internacionais sobre seu governo, minado por escândalos envolvendo o relacionamento de antigos ministros e parlamentares com os grupos armados de direita. De acordo com uma pesquisa do instituto Gallup realizada em novembro, as Farc têm o apoio de apenas 1% da população colombiana.


 


Clara Rojas tentou fugir


 


A política colombiana Clara Rojas, libertada depois de um sequestro de quase seis anos, revelou na sexta-feira que tentou fugir de um acampamento da guerrilha na selva com a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, mas o plano fracassou e a amizade entre as duas ficou abalada. Clara, advogada, de 44 anos, teve um filho no cativeiro com um guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionários da Colômbia (Farc). Ela foi solta na quinta-feira pelas Farc, com a ex-congressista Consuelo González.


 


A política relatou que depois de sequestrada com Betancourt, em fevereiro de 2002, no Departamento de Caquetá, começaram a planejar a fuga.


 


“Quando tínhamos a oportunidade de estar juntas começamos a planejar a situação, até que surgiu a oportunidade e o fizemos. Mas não tivemos sorte porque nos perdemos e eles voltaram a nos prender”, relatou Clara à W Rádio, falando de Caracas.


 


“Não conseguimos sair de perto do acampamento porque não pudemos nos orientar na escuridão da noite na selva. Por isso, fracassamos na tentativa, que foi infeliz porque se tivéssemos conseguido escapar a história teria sido outra. Não teríamos ficado mais de dois ou três meses no cativeiro”, afirmou.