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EUA: vitória de Romney revela desorientação dos republicanos

Será que alguém conseguirá unir os republicanos novamente? A vitória de Mitt Romney na eleição primária de Michigan, na noite de terça-feira (15), significa que três estados muito diferentes – com eleitores dessemelhantes movidos por prioridades distin

Romney venceu em Michigan, o estado onde cresceu, com um foco concentrado na desaceleração econômica, que a maioria esmagadora dos eleitores identificou como o principal tema ali. O senador John McCain do Arizona venceu em New Hampshire, na semana passada, com o apoio dos eleitores independentes, que são muito influentes naquele Estado. E Mike Huckabee, de Arkansas, venceu as convenções de Iowa graças aos conservadores que correspondem a uma parte substancial da população de lá.



De forma mais tangível, a votação de terça-feira comprovou nas urnas o que as pesquisas mostravam: este é um partido que está à deriva, sem entusiasmo em relação a qualquer um de seus candidatos presidenciais e sem saber como conter um animado Partido Democrata.



Mas na vitória, Romney era a evidência da situação problemática em que o partido se encontra. Ele venceu, mas apenas após um grande esforço em um estado onde esperava vencer com facilidade. Isto foi antes dele perder em Iowa e New Hampshire, dois outros estados onde fez campanha exaustivamente.



Esforço pela coalizão



Mais do que qualquer outro candidato no campo republicano, Romney fez um esforço consciente para reunir a coalizão de conservadores econômicos e sociais que se uniu a Ronald Reagan e que Bush manteve notavelmente unida em suas duas campanhas e ao longo de grande parte de seu período na Casa Branca. As dificuldades de Romney acentuaram as tensões em tal coalizão, e a pergunta central sobre sua candidatura é se ele será capaz de reagrupar seus componentes divididos ao seu lado.



“O problema para os republicanos é que todos eles contam com um pedaço dele”, disse Lou Cannon, o biógrafo de Reagan, se referindo ao movimento conservador. “Huckabee detém a parte conservadora social. Reagan tinha grande atração entre os independentes, e McCain conta com isto. E temos os tipos conservadores de Wall Street que estão com Romney.”



Cannon acrescentou, falando sobre Romney: “Eu não sei como é possível reunir os pedaços de Humpty Dumpty, mas certamente ele tem tentado”.



De fato, nenhum outro candidato tenta tão assiduamente quanto Romney costurar o tecido ideológico rasgado de seu partido. Ele mudou de posição em algumas questões sociais -incluindo direito de aborto, pesquisa de células-tronco e direitos dos gays- visando conquistar a fidelidade dos conservadores sociais.



Ele se apresenta como particularmente durão em segurança nacional, pedindo em um debate pela ampliação da prisão para suspeitos de terrorismo em Guantánamo, Cuba, quando até mesmo o governo está começando a falar em fechá-la. Ele enfatizou seu retrospecto em negócios e seu apoio à redução de impostos e governo limitado para ter apelo junto aos conservadores econômicos.



Reagan e Bush sempre conseguiram fazer com as diferentes partes da coalizão republicana superassem suas diferenças, em parte graças à sua própria força e habilidade política, em parte enfatizando seu compromisso com os princípios. Romney, com sua reputação entre alguns conservadores de ser um camaleão ideológico, tem tido dificuldade em conseguir isso.



Fogo amigo



Em Iowa, Huckabee o superou, conquistando um grande número de conservadores sociais que suspeitavam das mudanças de posição de Romney ao longo dos anos. Mas Huckabee tem apanhado de outra parte da antiga coalizão – a dos conservadores econômicos – irritados com seu retrospecto de aumento de impostos e gastos enquanto governador de Arkansas. De fato, o Clube do Crescimento, um dos maiores tormentos de Huckabee por seu retrospecto em impostos, emitiu uma declaração na terça-feira, nove minutos após o fechamento das urnas, com o título: “Huckabee Perde em Michigan, Contribuintes Vencem”.



Os conservadores em política externa também expressaram queixas a respeito de Huckabee por ter criticado aspectos da política de segurança nacional de Bush.



McCain abraçou o manto da segurança nacional que primeiro Reagan, ao confrontar a União Soviética e o comunismo, e depois Bush, ao enfatizar seu modo agressivo no combate ao terrorismo, vestiram com tanto sucesso.



E o apelo de McCain junto aos independentes foi comprovado novamente em New Hampshire, onde os eleitores não filiados são autorizados a votar nas primárias, um ponto destacado por seus assessores na noite de terça-feira ao afirmarem que, se sozinho no campo, ele poderia reunir alguns pedaços da coalizão.



“Eu acho que McCain é o sujeito nesta disputa capaz de recriar a coalizão Reagan e atrair os independentes”, disse Mark McKinnon, um importante assessor de McCain que também foi conselheiro de mídia de Bush em 2000 e 2008.



Mas McCain tem seus próprios problemas. Ele continua sendo visto com grande suspeita por muitos conservadores devido às suas posições sobre imigração, leis de financiamento de campanha e o uso de técnicas agressivas de interrogatório contra suspeitos de terrorismo, sem contar sua história de lutas com Bush.



De Michigan, os candidatos republicanos seguem para a Carolina do Sul no sábado e para a Flórida na próxima semana. Novamente, são dois estados com eleitorados muito diferentes e, pelo menos potencialmente, preocupações muito distintas. Do modo como as coisas estão caminhando para o Partido Republicano neste ano, poderá haver cinco republicanos reivindicando a vitória quando os votos estiverem sendo contados na Flórida, em 29 de janeiro.