Jornalistas criticam demissões da RBS em SC
O fechamento do Caderno AN Capital pelo Grupo RBS na semana passada desagradou trabalhadores e organizações sindicais de Santa Catarina. Doze jornalistas foram demitidos na última quinta-feira (31). No entanto, outros 18 profissionais já tinham sido de
Publicado 07/02/2008 09:51 | Editado 04/03/2020 17:12
A rede de comunicação gaúcha alegou aos profissionais que o Caderno AN, que veiculava na região metropolitana de Florianópolis não era lucrativo, gerando muita despesa à RBS. Argumento que o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Rubens Lunge, discorda. Para ele, o fechamento do AN Capital é uma estratégia da RBS para fortalecer outros meios de comunicação da empresa.
“Os jornais impressos vêm tendo resultados satisfatórios, tanto é que nenhum jornal que eu conheça em Santa Catarina fechou por estar ‘mal das pernas’. Em menos de um ano, dois jornais do Oeste do Estado, que é uma região complicada em termos de mercado, compraram rotativas avaliadas entre R$ 500 mil a R$ 1 milhão. Então há espaço para esse mercado em expansão, assim como há recursos. O governo estadual vem investindo pesado nos jornais impressos”, avalia.
Lunge relata que antes da redação do AN Capital ser fechada, a RBS desligou todos os contatos comerciais do caderno, alegando que este setor ficava centralizado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Mais um motivo que, para ele, mostra a falta de interesse da empresa em relação ao caderno.
Sobre os jornalistas demitidos, o sindicato reivindica que a empresa mantenha os postos de trabalho, remanejando os profissionais para outros locais. No entanto, Lunge também se preocupa com a população catarinense, que somente recebe informações de única empresa. Para o sindicalista, o monopólio que a RBS detém no Estado impede com que as pessoas tenham uma visão mais plural da sua própria realidade.
“A RBS concorre consigo mesma. É dona dos dois maiores jornais estaduais, A Notícia e o Diário Catarinense. Tanto é que na última licitação da compra do jornal para o Programa Jornal-Escola, do governo do Estado, não houve licitação, porque a empresa concorreu consigo mesma. O monopólio está demonstrado nisso”, argumenta.
O monopólio da RBS em Santa Catarina também é tema de uma ação judicial do Ministério Público de Tubarão e Itajaí, que deve chegar à Justiça em Março. Os procuradores afirmam que a RBS se tornou praticamente única depois da compra do jornal A Notícia, o que fere o direito de escolha do cidadão. Na ação, os magistrados sugerem a anulação da compra do jornal, fazendo com o que o mesmo volte para antigo proprietário ou seja vendido para terceiros.
Chasque