Roberto articula CPI para apurar gastos com a Cidade da Música

O vereador do Rio, Roberto Monteiro (PCdoB), já está colhendo apoio entre os vereadores para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) visando apurar os gastos de quase R$ 500 milhões na construção da Cidade da Música Roberto Marinho, na Barra.

Para o vereador comunista, já existe fato determinado para deflagrar a CPI. ''Estamos diante de um escândalo, uma obra que custaria R$ 80 milhões e deveria ficar pronta em 2004, já está na faixa dos R$ 460 milhões e com quase quatro anos de atraso. É mais do que incompetência, é irresponsabilidade para falar o mínimo, e devemos apurar mais antes de usar outros qualificativos''.



Em declaração ao jornal O Globo, o prefeito do Rio, Cesar Maia, defende-se: ''A Cidade da Música é o mais amplo projeto de salas de concertos, ópera e balé. É a mais sofisticada e a maior do mundo. Se custasse o equivalente a 50 milhões de dólares (cerca de R$ 88 milhões) seria risível''. O vereador Roberto Monteiro contra-ataca: “Risível é nos últimos seis anos o prefeito gastar quase R$ 77 milhões por ano com a construção da Cidade da Música, enquanto que, por exemplo, em 2007 a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, teve apenas R$ 1,1 milhão e a Secretaria de Turismo, R$ 2,8 milhões. A verdade é que a cidade está abandonada, inclusive a cultura, e o prefeito, na sua megalomania, só pensa em sua autopromoção''.



Cesar Maia: ''A cidade da música será minha apoteose, será minha fotografia lá de braços abertos''



Para um político que tem tanto empenho em fiscalizar os gastos públicos quando se trata do governo federal, Cesar Maia mostra uma estranha despreocupação em revelar ao público o que move suas decisões sobre os gastos da prefeitura. Em declaração ao jornal o Dia, em janeiro, Cesar Maia fez uma declaração onde deixa clara sua opção pelo personalismo, em detrimento do interesse coletivo: ''Só não vou cortar a Cidade da Música, que vai ser a apoteose! Isso é fotografia minha, lá, de braços abertos''. De lá para cá, Cesar Maia cumpriu sua promessa e cortou verbas da saúde, educação e conservação da cidade.



A cultura na cidade do Rio está abandonada



Enquanto os gastos com a Cidade da Música consomem quantias milionárias, a Cultura no município do Rio vem pedindo socorro há tempos.



Em 2005, o maestro Tim Rescalla pediu demissão de seu cargo de administrador da Sala Baden Powell devido às precárias condições de administração. A rede de teatro municipal está abandonada. O espaço Sérgio Porto está fechado desde maio de 2007 devido a um incêndio. A Cultura perdeu, em 2008, metade do orçamento originário do ISS (renúncia fiscal), que caiu de 0,4% da arrecadação do ISS de 2007 para 0,2% em 2008.



A Riocenacomtemporânea, mostra de teatro nacional e internacional que acontece na cidade há vários anos, não teve em sua edição de 2007 apoio da Prefeitura.