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'TV virou algo supérfluo', diz ex-diretor da Globo

“A televisão está deixando de ser a coqueluche, e isso vai desde novela ao entretenimento”. Essa é a opinião do jornalista Alberto Luchetti, que depois de anos de experiência como diretor da TV Globo, decidiu explorar o mundo digital e fundou a All

A declaração é apoiada em pesquisa do Ibope divulgada no final de janeiro pelo Adnews. Segundo ela, a TV perdeu popularidade entre o público mais rico, adultos com idade entre 25 e 49 anos. E um dos principais motivos responsáveis pela queda foi a migração para o consumo de informação na Web, além de outras atividades.


 


Vencedor do prêmio Esso de Jornalismo, em 2005, o jornalista logo avisa: “o canal de TV que fizer programação destinada para as classes AB está fadado ao fracasso”. De acordo com ele, a receita é focar as classes C, D e E e o conteúdo deve ser produzido para o “coletivo”. Ou seja, as atrações devem ser populares, mas não popularescas. “Não se pode apelar porque o público é exigente. A audiência não virá por cenas com peitos e nádegas desnudas na TV”, alfineta.


 


Luchetti classifica que o verbo na comunicação deixou de ser “assistir” e passou a ser “acessar”. Embora as mídias não sejam excludentes, é fato, em sua análise, que a televisão está prestes a perder seu reinado absoluto. “A TV virou algo supérfluo frente às facilidades que o computador oferece”, diz.


 


Exemplo disto, segundo ele, é o recorde de vendas de computadores no Brasil no ano passado, um total de 10 milhões de unidades. Pela primeira vez na história, o número encostou na quantidade de aparelhos de TV vendidos.


 


TV digital


 


Nem a chegada da televisão digital foi capaz de trazer perspectivas para o futuro do meio na concepção do dono da AllTV. “Acho esta digitalização uma balela. Nunca funcionou em lugar nenhum no mundo e não é aqui no Brasil que vai se fixar”.


 


É nesse ponto que o jornalista discorda de José Bonifácio Sobrinho, o Boni, um dos diretores de maior prestígio dentro da Globo. Em um “post” recente, publicado em seu blog, o veterano profissional reconhece o avanço da internet, mas diz ser “inegável que a qualidade de imagem e som e as telas gigantes dos novos televisores LCD e Plasma (TV digital) vão injetar nova vida na televisão.”


 


Ainda sobre a digitalização, Boni escreve que “a chegada rápida dos telefones celulares, com capacidade de receber TV aberta, ampliará o universo da televisão, aumentando o seu poder de fogo enquanto veículo publicitário”.


 


E Luchetti discorda. “A única maneira que vejo a TV digital com toda essa interatividade, é com a ajuda do computador e suas funcionalidades”. O dono da AllTV ressalta pesquisas que comprovam a consolidação da Web em países desenvolvidos como os Estados Unidos.


 


“Trinta por cento dos americanos assistem à TV digital. Eles gostam mesmo é de internet, sites de vídeos e comunidades virtuais”. A mais recente pesquisa divulgada em janeiro pelo Adnews comprovou que 48% dos americanos acessam sites de vídeos, um crescimento de 45% em comparação com 2006.