Trabalhadores da Grécia aderem a greve geral
Milhares de trabalhadores gregos marcharam por Atenas, Tessalônica e centenas de outras cidades na última quarta-feira (13) em protesto contra a intenção do governo em rebaixar as aposentadorias, durante uma greve geral de um dia que paralisou o país e
Publicado 15/02/2008 14:39
Dezenas de milhares de grevistas marcharam nas ruas geladas do centro de Atenas, levando bandeiras e faixas em protesto contra o projeto do governo. “Tirem as mãos dos fundos de pensões” e “O futuro pertence aos trabalhadores” eram os lemas que podiam ser lidos nos cartazes, enquanto o comércio fechava as lojas em solidariedade aos manifestantes.
Os manifestantes paralisaram os serviços públicos e o transporte durante a greve geral, convocada para protestar contra o ataque reacionário do governo Costas Karamanlis contra as aposentadorias dos trabalhadores.
Escolas, escritórios do governo, bancos, portos e a construção civil parou, com a adesão de milhões de trabalhadores em resposta à conclamação das duas maiores centrais sindicais do país, a Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia (GSEE, na sigla em grego) e o Conselho Supremo de Administração dos Servidores Civis (ADEDY), para protestar contra as “reformas” planejadas pelo governo no plano social.
Os hospitais do país atenderam apenas às emergências, todos os vôos foram cancelados, o serviço de navegação foi interrompido e os navios permaneceram atracados nos cais. Jornalistas e gráficos caminharam pelas ruas, fechando as empresas de comunicação e agência de notícias nacional, enquanto trabalhadores ocuparam o centro de Atenas para mobilizar a oposição contra o plano de fusão das aposentadorias apresentado por Karamanlis, além de elevara a idade de aposentadoria.
Os trabalhadores dos transportes impediram o funcionamento dos trens e dos ônibus, enquanto permitiam que o metrô e o serviço de trólebus de Atenas permanecessem em funcionamento por seis horas, para que pudessem transportar os grevistas para a sede do parlamento, no centro da cidade.
O governo grego alega que as “reformas” são necessárias para fazer a economia mais competitiva e restaurar o sistema de aposentadorias, que dizem que entrará em colapso dentro de 15 anos caso nada seja feito. Os sindicatos acusam o governo da Nova Democracia de fazer um giro de 180 graus, desde que obteve um novo mandato de quatro anos nas eleições de setembro passadas, após prometer que não elevaria a idade de aposentadoria, não cortaria as pensões ou aumentaria as contribuições.
“Não aceitaremos”
“Não aceitaremos as tentativas de relativizar o sistema de previdência social” disse Yiannis Panagopoulos, presidente da CGT da Grécia. “Não aceitaremos modificações que interfiram na saúde dos trabalhadores, dos jovens e das mulheres nas indústrias pesadas ou insalubres”, completou.
Os sindicatos também desejam que o governo cesse a perseguição aos trabalhadores que não podem pagar as contribuições previdenciarias, retirando do sistema cerca de 4,5 bilhões de euros a cada ano, de acordo com Stathis Anestis, outro representante da CGT. “O governo deve apoiar o sistema de previdência social, e não dinamitá-lo”, afirmou. “Milhões de pessoas estão em greve hoje”, declarou Anstis. “Esperamos que o governo entenda nossa mensagem e mude suas políticas”, encerrou.
O governo Karamanlis foi atingido por vários escândalos. No ano passado foi revelado que ações supervalorizadas do governo foram vendidas para fundos de pensão estatais enquanto o ministro do trabalho, que foi o arquiteto dessas “reformas”, foi demitido após a revelação de que ele estava construindo uma segunda mansão em Atenas desobedecendo as leis da cidade e empregando de forma ilegal estrangeiros em sua casa de campo.
Agora a maioria do governo está estremecida e amedrontada, por uma saga que envolve corrupção e sexo, destacando o nepotismo e a corrupção generalizada na política grega e na mídia. Um dos representantes da Nova Democracia no atual gabinete tentou inclusive o suicídio. Após sua renúncia do governo, Karamanlis tem apenas um assento a mais de maioria no parlamento grego.
Fonte: New Worker British News