Buenos Aires se torna pólo homossexual da América Latina
Depois da crise de 2001, a Argentina rapidamente conquistou uma posição importante no setor turístico e, particularmente, como pólo de atração para o turismo “gay friendly”. O país ofereceu uma cidade do porte de Buenos Aires como espaço aberto à comunida
Publicado 17/02/2008 13:48
Diferentemente de outras capitais, ela não propõe um só bairro especificamente gay (como o Marais de Paris, o Chueca de Madri ou o famoso Village nova-iorquino). A Argentina põe à disposição dos turistas homossexuais uma cidade inteira e acaba por proporcionar grande abertura de seus habitantes portenhos.
Em uma reportagem publicada há alguns dias pela revista argentina Veintitres, sugestivamente intitulada “Buenos Gayres”, confirma-se que agora a cidade “é a capital latino-americana do setor”. De acordo com a publicação, “estima-se que, em 2007, pelo menos 400 mil visitantes gays percorreram os pontos de atração turística da cidade, deixando a quantia nem um pouco desprezível de US$ 600 milhões”.
Com o passar do tempo, a oferta de turismo homossexual foi se especializando rapidamente. Depois dos hotéis, os restaurantes e as salas de dança de tango se diversificaram, transformando-se em iniciativas ainda mais originais.
Outros exemplos são os cartões Friendly Card, que dão descontos em mais de 120 lojas de Buenos Aires, ou as festas jovens organizadas para gays. É o caso do evento dos famosos garotos Plop da geração “gay 2.0”, que reúne até 2 mil pessoas em festas à fantasia temáticas. Até mesmo uma linha de vinhos “fortemente sensuais” foi lançada pela Pilot.
Além disso, Buenos Aires oferece grandes oportunidades em estética, com institutos e clínicas que fazem publicidade em meios claramente destinados à comunidade homossexual. Sem falar da oferta editorial de revistas e guias, facilmente encontrados nas bancas de jornal e inúmeras livrarias da cidade.
Dentro desse contexto, atracou nesta semana em Buenos Aires, com grande cobertura da imprensa argentina, o navio cruzeiro Infinity, que a cada ano viaja pela América Latina com turistas da comunidade gay basicamente norte-americana. Após passar pela costa do Brasil e Uruguai, o cruzeiro adentrou no Rio da Prata com 1.450 passageiros, o dobro das duas temporadas precedentes, segundo a agência estadunidense Atlantis.
Considerado um transatlântico de luxo, o Infinity, de bandeira das Bahamas e pertencente à armada Celebrity Cruises, possui 80% de suas cabines com vista para o mar (abrigando 1.950 pessoas na posição privilegiada) e 74% dos quartos têm pelo menos um terraço.
Uma vez na Argentina, parte dos turistas voltará aos Estados Unidos de avião, mas a maioria deve continuar sua viagem na capital da Argentina, aproveitando as ofertas atraentes para o público gay. Os organizadores do cruzeiro esperam um número maior de turistas para o próximo verão, enquanto a administração de Buenos Aires espera mais turistas e mais lucro no setor turístico da capital portenha.