Brasil não abrirá mão do gás boliviano em favor da Argentina
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja nesta quinta-feira (21) para a Argentina com a disposição de dialogar sobre energia. Porém, não pretende abrir mão do gás que importa da Bolívia em favor do país vizinho e principal sócio no Mercosul. A informa
Publicado 21/02/2008 10:22
“O Brasil está convencido de que é necessário que seja cumprida a meta contratada em termos de fornecimento de gás, disso não podemos abrir mão. É uma necessidade brasileira e o nosso mercado interno, nossas necessidade internas, vem em primeiro lugar”, afirmou.
Segundo o porta-voz, embora ainda não haja nenhuma proposta concreta, o governo brasileiro deve discutir formas de cooperar com a Argentina, a exemplo do que ocorreu no ano passado com fornecimento de energia elétrica.
“O Brasil está disposto a dialogar de maneira construtiva, como tem dialogado, isso não quer dizer que possamos renunciar aos volumes que foram acordados, mas significa que possam ser estudadas maneiras de ajudar a Argentina como no ano passado, com fornecimento de energia elétrica”, disse o porta-voz.
Lula chega a Buenos Aires na noite desta quinta-feira. Na sexta-feira (22) visita a Corte Suprema e o Congresso e se reúne com a presidente da Argentina, Cristiana Kirchner. No sábado (23), se soma ao encontro o presidente da Bolívia, Evo Morales.
O compromisso de exportação da Bolívia com o Brasil é de mais de 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, com destino a São Paulo, e outros 2,2 milhões para geração de energia em Cuiabá.
A intenção, segundo Marcelo Baumbach, é que sejam aprovados cronogramas de trabalho com objetivos imediatos e metas concretas entre Brasil e Argentina. Será assinada declaração conjunta, seguida de declarações presidenciais em áreas como economia e investimentos, cooperação nuclear e espacial, ciência e tecnologia, energia, transportes, defesa e justiça, de acordo com Baumbach.
Negociações
Nessa mesma linha, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse na última segunda-feira que o Brasil não deve abrir mão, em favor da Argentina, do gás excedente que importa da Bolívia, como fez no ano passado. Segundo ele, existe uma disposição de continuar cooperando, mas há também uma grande dificuldade de renunciar a algo de que o Brasil precisa. “Se o Brasil não tivesse necessidade, claro que não faríamos isso por pirraça”, afirmou.
Segundo Amorim, a decisão ainda depende de negociação. “Como o Brasil tem necessidade deste gás agora para o seu próprio abastecimento, eu vejo muita dificuldade de a gente poder ceder dessa forma, o que não exclui que se houver uma melhora na nossa situação, ao meu ver, isso possa vir a ocorrer. Mas isso vai depender sempre de uma negociação específica”, afirma.
Fonte: Agência Brasil