MP de SP considera padre Júlio Lancelotti vítima de extorsão
O Ministério Público de São Paulo (MPE) considera o padre Júlio Lancelotti vítima de extorsão da quadrilha formada pelo ex-interno da Fabem (atual Fundação Casa), Anderson Batista, sua mulher, Conceição Eletério e os irmãos Evandro e Everson Guimarães. Pa
Publicado 21/02/2008 21:01
As conclusões da promotoria são parecidas com as considerações finais do advogado do padre, Luiz Eduardo Grenhalgh, que atua como assistente de acusação. A expectativa é a de que a condenação da quadrilha saia na semana que vem.
O processo já está com o juiz Caio Farto Salles, da 31ª Vara Criminal de São Paulo. O promotor Fábio José Bruno pede a condenação dos quatro acusados.
Também são relatadas pelo MPE contradições em que os acusados caíram. Uma delas é a denúncia de Conceição, que disse na 5ª Seccional que o padre havia molestado seu filho. Depois, na 31ª Vara, negou o assédio. “As alegações do MPE são muito boas. Há análise de todo o processo e são apontadas contradições dos acusados, usadas como álibi”, disse o advogado do padre, Luiz Eduardo Greenhalgh.
Nelson da Costa, advogado dos acusados, disse que as conclusões do MPE não prejudicam a defesa. Ele afirmou que é preciso revelar de onde saiu o dinheiro dado pelo padre aos quatro. “Não há prova nenhuma sobre extorsão.” Costa disse que Anderson tinha um relacionamento sexual com o padre e recebeu dele mais de R$ 400 mil. Lancellotti admitiu pagamentos de cerca de R$ 150 mil e negou envolvimento amoroso com Anderson .
Extorsão
O padre Júlio Lancelotti procurou a polícia para denunciar a extorsão em setembro. Lancelotti, –conhecido por sua atuação em favor de moradores de ruas e menores infratores– disse ter entregue R$ 80 mil ao acusado em três anos. Depois, a defesa do religioso admitiu que o valor poderia chegar a R$ 150 mil.
Batista disse durante as investigações que o padre havia dado o dinheiro por vontade própria e que ele e Lancelotti haviam tido um relacionamento homossexual. A mulher dele também afirmou que o padre havia abusado sexualmente de seu filho de sete anos, mas depois negou á Justiça.
A Polícia Civil também havia concluído que o padre é vítima do grupo. A investigação do caso concluiu que o padre foi vítima de Anderson Batista, 25, e de sua mulher, Conceição Eletério, 44. Abalado com o caso, o padre deixou de celebrar missas em público por duas semanas.
No período a mídia paulista promoveu ampla campanha contra o padre, possivelmente pela sua trajetória de defesa dos direitos humanos.