Colômbia faz que se desculpa por invadir Equador
O governo da Colômbia apresentou na noite deste domingo (2) um pedido formal de desculpas ao Equador pela incursão em território equatoriano de helicópteros e militares colombianos na operação visando matar o porta-voz das Farc, Raúl Reyes, na madrugada d
Publicado 02/03/2008 01:26
“O governo da República da Colômbia deseja apresentar ao ilustre governo da República do Equador suas desculpas pela ação que se viu obrigado a realizar na zona de fronteira, consistindo no ingresso de helicópteros colombianos com pessoal das Forças Armadas em território equatoriano”, diz a nota, lida na noite deste domingo pelo chanceler colombiano Fernando Araújo.
Bogotá diz que “não violou soberania”
“O governo colombiano nunca teve a pretensão ou a disposição de desrespeitar a soberania ou integridade da irmã República do Equador, de seu povo ou de suas autoridades, pelas quais tem professado, historicamente, afeto e admiração”, acrescenta o documento.
Ao se pronunciar sobre a retirada do embaixador equatoriano em Bogotá, em protesto contra a agressão, a chancelaria colombiana divulgou um curto comunicado onde alega que “a Colômbia não violou soberania, mas sim atuou conforme o princípio da legítima defesa”.
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, tido como o mais direitista da América latina e pessoalmente envolvido na operação, não se pronunciou sobre a crise, nem sobre a dura condenação manifestada na véspera pelo mandatário equatoriano, Rafael Correa.
Uribe limitou-se a dizer que como presidente assumia a responsabilidade total pelos fatos e que a incursão foi “um passo na direção de recuperar o respeito do povo colombiano”. A frase foi dita durante visita à localidade de Rionegro, departamento de Antioquia.
Para embaixador, “um fato de guerra”
O embaixador equatoriano acreditado em Bogotá, Francisco Suéscum, desembarcou em Quito qualificando o ataque militar colombiano de “fato de guerra”. “O massacre é um fato bárbaro, um fato de guerra, um fato contra a paz, a vida e os direitos humanos”, disse Suéscum.
Além de chamar seu embaixador, o governo Rafael Correa expulsou o embaixador colombiano em Quito. Tropas do Equador, cujas forças armadas foram postas em estado de alerta, foram deslocadas para o lugar da chacina. Ali resgataram os cadáveres de 15 guerrilheiros, e colheram indícios de que eles foram massacrados enquanto dormiam. Também foram trazidas três (e não duas, como chegou a afirmar Correa) guerrilheiras das Farc, que estão feridas mas com vida e podem testemunhar sobre o episódio.
Farc mantêm oferta de intercâmbio
É duvidoso que o governo do Equador se dê por satisfeito com a resposta colombiana à sua exigência de um pedido de desculpas. Na coletiva de imprensa que convocou no sábado, Correa disse qualificou o ataque como “a pior agressão que o Equador já sofreu da parte da Colômbia”, e “uma agressão a nosso território e a nossa pátria''.
Em seu primeiro comunicado desde a morte de Raúl Reyes, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia adiantaram que, com “firmeza revolucionária”, não vão “claudicar no esforço em favor do intercâmbio humanitário”. O texto, divulgado na internet, diz que “esta é a melhor homenagem a todos os camaradas tombados em combate”.
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