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Unidade é a meta dos comunistas nos movimentos sociais

Em busca de uma atuação mais unificada nos movimentos sociais, está sendo realizado neste final de semana, dias 1 e 2 de março, o 2º Encontro sobre a Atuação do PCdoB nos Movimentos Sociais. No sábado, 95 pessoas de 19 estados estavam presentes no auditór

Para atualizar os dirigentes das áreas sociais – como sindical, mulher, juventude, negros, moradia etc. – o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, apresentou um quadro geral da conjuntura nacional.


 


Como partido da base de apoio ao governo Lula que vem buscando, ao mesmo tempo, aprofundar as transformações necessárias para pôr o Brasil definitivamente na rota do crescimento, da distribuição de renda e da justiça social, o PCdoB vem preparando seus militantes e dirigentes para uma atuação afinada nas diversas frentes de luta levando em conta uma posição mais afirmativa por parte da legenda.


 


A maior crítica ao governo, conforme salientou o Rabelo, segue sendo a manutenção dos ditames neoliberais na macroeconomia. “O resultado são a ortodoxia e o contracionismo que acabam por favorecer os grandes círculos financeiros”.


 


Com relação ao novo posicionamento do PCdoB, o dirigente disse que o partido já não aceita mais passivamente apenas ser coadjuvante na cena política. Exemplo dessa nova linha é a meta de lançar 400 candidaturas próprias à prefeitura neste ano, das quais 18 em capitais.


 


Por tudo isso, trabalhar pela implantação das seis reformas democráticas é fator essencial, explicou Renato Rabelo. Entre as defendidas pelo PCdoB – e pelo Bloco de Esquerda e PT – Rabelo ressaltou a necessidade de uma reforma tributária progressiva,  que privilegie as classes menos favorecidas, deixando a maior carga para quem tem mais. “Alcança-las só será possível com grande mobilização. Essas reformas buscam a democratização real da sociedade e mais liberdade política para o povo”, disse. E completou, lembrando Lênin: “dessa forma, nos aproximamos mais do socialismo”.


 


Segundo o dirigente, a defesa dessas reformas acaba por arquitetar um “referencial de plataforma” e unir “as forças de esquerda e progressistas em torno de propostas realmente importantes para o país”. Neste sentido, as propostas formam, ainda, uma agenda positiva em contraposição à ofensiva conservadora que, com o apoio dos maiores veículos de comunicação, visa desgastar o governo Lula. “A mídia defende interesses antinacionais e tem hoje um caráter revanchista. Ela não aceita Lula”, lembrou Rabelo.


 


Para o presidente do PCdoB, o alarmismo criado no caso da febre amarela foi um crime contra o povo. “Há mais gente hospitalizada por superdosagem do que pela doença”. No caso da decisão de Fidel Castro de não mais concorrer à presidência de Cuba, Rabelo disse que a mídia procurou “capitalizar o que chamaram de ‘renúncia’ como se fosse o abandono da via socialista”.


 


De acordo com o dirigente, é preciso “impulsionar o governo Lula para que ele siga adiante”. Daí importância da campanha pelas reformas. “Mas para isso, é preciso uma ação de massas política”, frisou. Isso significa combinar ações imediatas dos movimentos sociais de acordo com as demandas de cada setor com as questões políticas mais amplas. “Temos de ter bandeiras que unam, num sentido mais amplo, todo o movimento social. E para isso, precisamos ser cada vez mais dialéticos, acompanhando o movimento real das coisas”.


 


Olhar sindical
Em sua participação no encontro, o secretário sindical do PCdoB, João Batista Lemos, procurou ressaltar a importância da formação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) na aglutinação de forças representativas dos trabalhadores brasileiros. Para ele, o cenário hoje não comporta mais uma mera polarização entre CUT e Força Sindical, havendo espaço para outras entidades.


 


Batista Lemos lembrou que os comunistas, historicamente, “montaram centrais em momentos de ascensão das lutas sociais”, o que não acontece atualmente, quando se assiste a um relativo refluxo dos movimentos. Por isso mesmo, lembrou, é importante que se trabalhe para a consolidação e ampliação da CTB, bem como pelas bandeiras que a central vem adotando, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, abraçada pelas demais centrais sindicais. “Dessa forma, estaremos, todos, trabalhando em prol de melhores condições de vida para a população”, disse.


 


Ele fez questão de salientar que a CTB não é neutra. “Temos nossa posição, mas mantemos nossa autonomia”, explicou em relação ao apoio ao governo Lula. Batista Lemos acha importante também que o movimento sindical seja amplo, abandonando posições sectárias que acabam por dividi-lo. 


 


Entre os pontos defendidos pela CTB para o próximo período estão a legalização da Central, a construção de uma ampla Conferência das Classes Trabalhadoras, a defesa da redução da jornada de trabalho sem a redução salarial e a mobilização para o 1º de Maio. “O Dia do Trabalhador deve ser uma data de união e de impulso de todas as lutas dos movimentos sociais”, enfatizou.


 


A meta é que as centrais consigam colher 400 mil assinaturas a serem levadas ao Executivo e ao Legislativo como forma de reivindicar a redução para 40 horas semanais de trabalho. A medida, conforme explicou, melhoraria a qualidade de vida dos trabalhadores e possibilitaria a contratação de mais gente.


 


Internacionalismo das massas
José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, falou sobre a incorporação de bandeiras internacionalista na atuação dos movimentos sociais. “Ou detemos o curso atual do mundo, hegemonizado pelos Estados Unidos, ou mergulhamos na barbárie”, explicou em alusão a Rosa Luxemburgo, lembrando que este é um dos papéis dos movimentos sociais. E salientou que não há contradição entre internacionalismo e patriotismo.


 


Reinaldo acrescentou que ao lado da prática do internacionalismo proletário, o PCdoB vê como essencial o “internacionalismo das massas”. Para facilitar a mobilização na luta pela paz, foi importante o agrupamento de ações dispersas em uma só entidade – o Cebrapaz – que, no entanto, mantém sua autonomia em relação ao partido. “O Centro não é uma entidade partidista e está aberta à participação de quaisquer pessoas”, disse.


 


Ele salientou também que é preciso romper com uma idéia antiga que ainda permeia a atuação internacionalista. “A bandeira da paz era vista como reformista, capitulacionista, e não é essa a realidade hoje”. Para ele, o importante atualmente é a luta contra o belicismo e o intervencionismo estadunidense, o apoio à resistência e à soberania dos povos e a construção de um mundo mais pacífico.


 


Com esse objetivo, Reinaldo observou a importância de se mobilizar militantes dos movimentos sociais para atividades como, por exemplo, a Conferência Mundial da Paz – promovida pelo Cebrapaz e pelo Conselho Mundial da Paz, dias 8 a 13 de abril, em Caracas, Venezuela; e para o Fórum Social do Mercosul – Curitiba, dias 18 a 21 de abril.


 


No primeiro dia de encontro, ficou a cargo de Ricardo Abreu, secretário de Movimentos Sociais dos PCdoB, fazer a apresentação do documento-base. A noite foi encerrada com a intervenção da secretária de Mulheres do PCdoB, Liége Rocha – que falou sobre o papel das ONGs nos movimentos sociais – e Wander Geraldo, da Conam, que tratou da participação popular no debate sobre políticas públicas no governo Lula.


 


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Veja também alguns dos documentos trabalhados durante o encontro:


 


Debate: a construção de uma organização política transformadora – Por Walter Sorrentino
A atuação do PCdoB nos movimentos sociais na atualidade – sobre o primeiro encontro, em 2004


Resolução da 8ª Reunião do Comitê Central do PCdoB (26/10/2007)


 


De São Paulo,
Priscila Lobregatte