Visita histórica reata laços entre Irã e Iraque
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, chegou ao Iraque neste domingo (2), em visita de Estado. Ele entrou imediatamente em conversações com o presidente iraquiano, Jalal Talabani, e o primeiro ministro, Nuri al-Maliki. A visita reveste-se de simbolismo,
Publicado 02/03/2008 23:04
“As conversações que tivemos foram muito positivas”, disse Ahmadinejad na coletiva de imprensa que ofereceu junto com Talabani.
“Tivemos uma boa conversa, num ambiente amistoso e construtivo. Temos o mesmo entendimento das coisas e as duas partes estão determinadas a estreitar sua cooperação política, econômica e cultural”, agregou. E comentou que o povo do Iraque atravessava um período de “resistência”.
A visita pretende impulsionar relações bilaterais, caracterizadas neste momento pela “solidez”, segundo Ahmadinejad e o presidente iraquiano Jalal Talabani. Os dois países possuem antigos laços históricos. Entre 1980 e 1988 travaram uma sangrenta guerra de fronteiras, que custou 1 milhão de baixas ao Irã e outro tanto ao Iraque, mas as relações voltaram a melhorar com a ascenção da maioria xiita ao governo no Iraque.
Influência do Irã supera a dos EUA
Mike Hanna, correspondente da TV Al Jazira em Bagdá, informou que Ahmadinejad espera estabelecer laços econômicos e políticos com o Iraque. “O tema dominante, porém, é a tentativa de melhorar a situação de segurança no país”, observou.
“A influência do Irã no Iraque é bem conhecida. Acredita-se que Teerã é mais influente que os EUA, a despeito da forte presença militar deste”, comentou.
Ahmadinejad disse que os EUA são responsáveis pela violência no Iraque e chamou as tropas americanas a deixarem o país.
“Segurança do Iraque é segurança para o Irã, e isso não interessa ao inimigo porque ele não deseja a estabilidade da região. Por isso ele continua a se intrometer nos assuntos alheios e justificar a presença de suas tropas”, disse o governante iraniano aos jornalistas iraquianos.
Na véspera do início da viagem, ele dissera que esta ajudaria a reforçar a segurança iraquiana. “Certamente vamos ajudar a fortalecer a nação iraquiana e seu governo, a paz e a segurança na região”.
Pela retirada das tropas
“A retirada das forças de ocupação é vantajosa para todos”, defendeu ainda Ahmadinejad. Foi uma resposta direta às declarações feitas ontem pelo presidente George W. Bush, de que o Irã “deve deixar de exportar o terrorismo e a comunidade internacional deve demonstrar firmeza em sua decisão de continuar isolando o Irã até que dê fim a suas ambições nucleares”.
A visita deve exacerbar as preocupações do Ocidente com a influência regional do Irã e, conforme a versão de Washington, expandir a ajuda aos resistentes no Iraque, assim como a desestabilização do Líbano. A administração americana diz que Teerã arma e treina os combatentes que atacam suas tropas, acusação que o Irã rejeita.
Da redação, com agências