Plano do governo para mulheres tem 11 “áreas estratégicas”
O governo federal lançou, na quarta-feira (5), o 2º Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (2º PNPM). A iniciativa marca a semana do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. Com seis novos eixos, o plano traz importantes diretrizes par
Publicado 06/03/2008 18:33
São 394 ações em 11 capítulos estratégicos, como autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho, com inclusão social; educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica e saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos. O 2º PNPM deve mobilizar cerca de 195 mil pessoas nos estados e municípios com o objetivo de fortalecer a busca plena pela cidadania da mulher brasileira.
As ações se baseiam nos princípios de igualdade e respeito à diversidade, eqüidade, autonomia das mulheres, estado laico, universalidade das políticas, justiça social, transparência dos atos públicos e participação e controle social.
O 2º PNPM foi lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, com a participação da ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e de ministros de Estado e secretários especiais envolvidos na implementação do plano. Durante a cerimônia, o presidente Lula lembrou o compromisso do governo brasileiro com a igualdade de gênero desde janeiro de 2003, quando foi criada a Secretaria. Daquele ano até hoje, o país avançou bastante, disse o presidente. “Mas ainda há uma longa distância, uma Muralha da China a percorrer para que se crie um mundo socialmente justo e igualitário entre os direitos do homem e da mulher”.Segundo Lula, esses direitos já estão garantidos desde a Constituição de 88, mas entre a lei e a prática tem uma diferença que é resultado de séculos da tradição de subordinação a que a mulher foi submetida como cidadão de segunda classe.
A ministra Nilcéa Freire comentou que a nova iniciativa é motivo de satisfação e de desafio. “Esse plano é a expressão inequívoca do compromisso do governo brasileiro com a igualdade e a justiça social para todos e todas.”
Agora, novos ministérios e órgãos federais passam a integrar o Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM, como os ministérios do Meio Ambiente, Cultura, Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom/PR), Casa Civil, Secretaria Geral da Presidência, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fundação Nacional do Índio (Funai).
Continuidade
O plano dá continuidade ao processo de construção de políticas públicas de igualdade de gênero, iniciado em 2004, com o 1º PNPM. Implementado por 17 ministérios e secretarias especiais no período 2005-2007, o 1º Plano obteve importantes resultados, dentre eles a sanção da Lei Maria da Penha (com importante apoio do Congresso Nacional); a implementação da Política Nacional de Combate à Violência contra as Mulheres, que permitiu a ampliação, em todo o país, do número de Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Deam), Casas Abrigos, Centros de Referência, Defensorias Públicas da Mulher e, mais recentemente, a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Outro destaque foi a criação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, serviço de utilidade pública que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, e que realizou mais de 200 mil atendimentos, em 2007. Também o Programa de Documentação da Mulher Trabalhadora Rural, que tem por objetivo emitir documentos civis e trabalhistas a mulheres que ainda não os possuíam, superou a meta de 250 mil, beneficiando 275 mil trabalhadoras rurais.
Entre as novas metas previstas está a ampliação da participação das mulheres no Pronaf para 35%; o aumento em 30% das trabalhadoras domésticas com carteira assinada; a criação de mais 1.714 creches e pré-escolas; a realização de mais 1.500 mutirões do Programa Nacional de Documentação das Trabalhadoras Rurais, a formação de 120 mil profissionais da educação nas temáticas de gênero, raça/etnia e sexualidade; a alfabetização de 3 milhões de mulheres; inclusão de mais 10% de mulheres negras no ensino superior; redução de 15% na razão de mortalidade materna e a inclusão de métodos anticoncepcionais em 100% dos serviços de saúde.
Áreas estratégicas
O 2º PNPM introduz seis novas áreas de atuação estratégicas que vão se somar às cinco já existentes no 1º PNPM. São elas:
1 • Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho, com inclusão social
2 • Educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica
3 • Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos
4 • Enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres
5 • Participação das mulheres nos espaços de poder e decisão
6 • Desenvolvimento sustentável no meio rural, na cidade e na floresta, com garantia de justiça ambiental, soberania e segurança alimentar
7 • Direito à terra, moradia digna e infra-estrutura social nos meios rural e urbano, considerando as comunidades tradicionais
8 • Cultura, Comunicação e Mídia igualitárias, democráticas e não discriminatórias.
9 • Enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia.
10 • Enfrentamento das desigualdades geracionais que atingem as mulheres, com especial atenção às jovens e idosas.
11 • Gestão e Monitoramento do Plano
Fonte: Em Questão