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Espanha: em cada 5 barrados em 2007, 2 eram brasileiros

Segundo estatísticas do aeroporto de Barajas, em Madri, dois em cada cinco barrados na principal porta de entrada na Espanha em 2007 eram brasileiros.

Cerca de 55% dos estrangeiros que entram no país passam por Barajas. No controle de fronteiras, ainda segundo os dados oficiais de 2007, 50 pessoas, em média, são impedidas de entrar e devolvidas ao país de origem. Desse total, 20, em média, são brasileiros.



Os números, às vezes, superam e muito a média estatística. No dia 3 de agosto de 2007, por exemplo, de 97 imigrantes impedidos de entrar, 66 eram brasileiros.



O número de policiais nas fronteiras aumentou em 62% em 2007, mas o Ministério do Interior reconhece que ainda é difícil reduzir a média de mil ilegais que chegam a cada dia ao país, segundo o governo espanhol.



No total, a Espanha barrou 97.715 pessoas em 2007, mas não há números para cada nacionalidade nesse cálculo mais amplo que inclui, por exemplo, via terrestre. De acordo com a Secretaria de Estado para Imigração, a Espanha já tem 4,8 milhões de imigrantes (legais e ilegais), 10% da população. E, pela política em vigor, é preciso fechar o cerco à entrada.



Nesta semana, o impedimento de entrada de brasileiros na Espanha causou uma pequena crise diplomática entre a Espanha e o Brasil depois que dois pós-graduandos brasileiros ficaram detidos por mais de uma semana no aeroporto de Madrid.



Os estudantes retornaram ao Brasil na sexta-feira. No mesmo dia, o governo brasileiro deportou sete espanhóis que desembarcaram em Salvador, na Bahia.



Lula: reciprocidade


 


“Reciprocidade”. Com esta palavra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicionou em relação à decisão do secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, de repatriar estes sete espanhóis.


 


O caráter retaliador, no entanto, não foi admitido pela PF ou pelo Itamaraty, que apenas confirmam a decisão do governo de aumentar o rigor na fiscalização da entrada de estrangeiros no Brasil, especialmente os espanhóis.


 


Neste sábado (8), Lula comentou que o problema dos brasileiros impedidos de entrar na Espanha ''obviamente está ligado à questão eleitoral'' e afirmou: ''os partidos mais conservadores têm uma vontade de quase proibir que os pobres de outros países adentrem nos seus, sem lembrar que um dia nós recebemos os pobres dos países deles''.


 


Lula pretende conversar com o primeiro-ministro vencedor da eleição espanhola marcada para domingo. E disse que a única coisa que ele quer é reciprocidade. ''A eleição (na Espanha) termina no domingo e eu espero que na próxima semana tenha um contato com quem for eleito para conversar, porque não é possível que depois de tantos anos de relação tenha brasileiro sendo proibido de entrar na Espanha'', declarou o presidente ao chegar ao Palácio das Laranjeiras, na zona sul do Rio, para um jantar oferecido ao presidente português, Aníbal Cavaco Silva.


 


Segundo Lula, o tema da imigração é ''muito forte'' na Espanha. O presidente ressaltou a relação ''histórica'' do Brasil com os espanhóis. ''A única coisa que eu peço é que todos os países do mundo tratem os brasileiros como nós tratamos eles aqui.''


 


Para os estrangeiros que desejam entrar no Brasil, as novas exigências são: passagem de volta, dinheiro para se manter no país e nome do hotel ou endereço do amigo ou parente onde ficará hospedado.


 


A Comissão de Relações Exteriores realiza na próxima quarta, às 10 horas da manhã, uma sessão especial para discutir a situação dos brasileiros que foram impedidos de entrar em território espanhol. O requerimento solicitando a audiência foi apresentado pelo deputado Ivan Valente (PSOL/SP) e aprovado na última quarta (5/3) pela comissão.


 


União Européia



O aumento do fluxo de brasileiros tem sido tão significativo que está chamando a atenção de muitas polícias de fronteira da União Européia. ''Especialmente nos últimos dois anos. Passou a ser, com os bolivianos, a nacionalidade com mais repatriações no aeroporto de Barajas'', disse um policial espanhol do departamento de imigração, lembrando que os imigrantes do Brasil são os segundos entre os mais barrados no país.



A Espanha é uma das três nações (junto a Estados Unidos e Inglaterra) que mais imigrantes expulsam, incluindo devoluções em fronteiras e outros casos de deportações.



No início de julho, em uma operação policial conjunta, 509 brasileiros foram barrados em um só dia nos aeroportos de Madri, Lisboa, Paris e Amsterdã.


 


Prostituição e drogas


 


Até mesmo parentes de jogadores de futebol passam pelo constrangimento. Recentemente, um primo do atacante Edu, ex-São Paulo e que atua no Betis, chegou a ficar detido por dois dias no aeroporto de Madri.



Para driblar esse imbróglio, o meia Felipe Melo, do Almería e há quatro anos no futebol espanhol, diz que sempre envia uma carta de convite para o Brasil. Com esse documento em mãos, seus familiares, que o visitam constantemente, entram na Espanha sem maiores problemas.''Comigo nunca aconteceu nenhum caso similar ao do Edu, graças a Deus'', afirma Felipe, por telefone, de Almería, ao site do Globo Esporte.



Segundo o jogador, ex-Flamengo e Grêmio, as principais causas para essa perseguição aos brasileiros são os envolvimentos de sul-americanos com a prostituição e o tráfico de drogas no país.



''Já morei em três cidades aqui, Mallorca, Santander e Almería, e você lê nos jornais e vê na TV seguidos casos de brigas entre sul-americanos aqui por ponto de drogas e de prostituição. Por isso, as autoridades espanholas estão pegando mais pesado. Há 15 dias, um amigo meu veio do Brasil e, assim que o avião pousou, vários policiais foram revistar todos a bordo por causa de denúncias de tráfico de drogas. Não é nada contra o povo brasileiro especificamente, mas contra a criminalidade'', ressalta Felipe


 


Da redação,
com agências