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Filme sobre ditadura é exibido em parlamento uruguaio

Centenas de pessoas, incluindo ministros e parlamentares uruguaios e chilenos, encheram o Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo de Montevidéu na pré-estréia de “Matar a todos”, filme que conta a história do assassinato de um ex-agente e químico

A co-produção entre uruguaios, chilenos e argentinos recria o episódio da Operação Condor (esquema repressivo coordenado entre as ditaduras militares do Cone Sul nos anos 70) através do homicídio do chileno Berríos no Uruguai, para onde fora transportado clandestinamente em 1991, durante o governo de Luis Alberto Lacalle (1990-1995), do Partido Blanco (conservador).



O filme é “uma espécie de Operação Condor cinematográfica”, reconstrói uma “época temida” e, por ser uma parceria cinematográfica entre três países que a viveram, torna-se uma “aposta para encontrar momentos e guardar na memória”, afirmou à ANSA o diretor do filme, o uruguaio Esteban Schroeder.



O filme “testemunha a amizade entre povos que sofreram juntos as ditaduras, foram vítimas da violência do terrorismo do Estado, do exílio e que agora se encontram na criação, na cultura e na memória”, disse ontem à noite a ministra uruguaia da Educação, María Simón, durante a apresentação.



Parlamentares do Partido Blanco criticaram a exibição do filme no Parlamento. O senador Gustavo Penadés disse que o lugar “se transformou em um hotel de atividades que nada tem a ver com o legislativo”.


 


O caso de Berríos motivou Lacalle a destituir um general da Direção da Inteligência do Exército e um chefe policial de Canelones, quando o químico chileno conseguiu escapar de um seqüestro promovido pela ditadura uruguaia em 1982.



Após realizar uma denúncia contra a polícia, Berríos (considerado criador do gás letal sarin), foi devolvido a seus torturadores chilenos e executado para que não fornecesse informações à Justiça sobre a repressão da ditadura de seu país.



O filme, financiado com verbas dos três países e com o apoio da Ibermedia, é tido como de interesse nacional no Uruguai, recebeu vários prêmios em festivais internacionais como os de Cartagena, Havana e Biarritz, na França.



Protagonizada por atores do Uruguai, Argentina e Chile, “Matar a todos” estreará em maio no Espaço Cine da memória Argentina, criado recentemente no país.