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Cúpula árabe termina sem progressos sobre crise libanesa

A cúpula árabe de Damasco terminou neste domingo (30) sem que tenham sido realizados progressos sobre a crise libanesa, evidenciando as divisões entre a Síria, acusada de impedir a eleição de um novo presidente no Líbano, e os aliados de Washingto

“Os líderes árabes destacam seu compromisso com a iniciativa árabe para resolver a crise libanesa, e pedem aos líderes do Líbano que escolham o candidato de consenso, o general Michel Sleiman, no momento determinado”, afirma o texto da resolução.



Os políticos libaneses também devem “decidir sobre a base para formar um gabinete de unidade nacional”, apesar dos conflitos políticos internos do país.



A Liga também faz um apelo ao Iraque para que “expurgue todas as milícias sem exceção” e “acelere o processo de treinamento e armamento das forças de segurança iraquianas (…), em preparação para a retirada das tropas estrangeiras do território do Iraque”.



Metade dos líderes dos 22 membros da Liga Árabe, incluindo os chefes de Estado de Arábia Saudita, Egito e Jordânia, boicotou o encontro de Damasco, acusando a Síria de bloquear a eleição presidencial libanesa.



O presidente sírio, Bashar Al-Asad, nega qualquer envolvimento de seu país no Líbano. Os Estados Unidos haviam feito um pedido a seus aliados na região para que reconsiderassem sua presença na reunião de Damasco.



Arábia Saudita e Egito enviaram apenas delegações de baixo escalão para a Síria. O Líbano, por sua vez, boicotou a cúpula, e o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, acusou o governo sírio de interferir em assuntos de seu país.



O ministro das Relações Exteriores saudita, príncipe Saud al Faisal, fez um apelo no sábado à Síria por uma “ação positiva”, com o objetivo de destravar a situação no Líbano e “complementar os intensos esforços por parte da Arábia Saudita e de vários países árabes”.



O presidente do Egito, Hosni Mubarak, enviou uma mensagem afirmando que Damasco deve “abrir o caminho para uma nova etapa (nas relações árabes) e conter as disputas e as divergências”.



“Nós tínhamos a esperança de que, antes da cúpula, se chegaria ao longamente esperado acordo para resolver a crise que ameaça a estabilidade e a soberania do Líbano”, afirmou Mubarak.



A Síria interpretou a ausência dos aliados dos EUA como um triunfo sobre a influência americana. “Eles (Estados Unidos) fizeram tudo o que puderam para impedir a realização da cúpula, mas fracassaram”, declarou à imprensa o chanceler sírio, Walid Muallem, antes da reunião de dois dias. “Seu objetivo é dividir o mundo árabe”, concluiu.



O Líbano está sem presidente desde novembro do ano passado, quando o então chefe de Estado Emile Lahoud deixou o cargo ao fim de seu mandato em meio a tensões entre a coalizão governamental, apoiada pelo Ocidente, e a oposição, liderada pelo Hezbolah, com o apoio de Síria e Irã.



Os grupos rivais chegaram a fechar um acordo a princípio, segundo o qual assumiria a presidência o chefe do Exército, Michel Sleiman. No entanto, conflitos envolvendo a formação do novo governo condenaram a iniciativa ao fracasso. Uma sessão parlamentar para escolher um novo presidente foi convocada para o dia 22 de abril, depois de já ter sido adiada 17 vezes.



Fonte: AFP