BH: plenária comunista reúne oposição à aliança PT/PSDB
Com o auditório do Teatro Santo Agostinho lotado, mais de 600 pessoas comemoraram na noite da segunda-feira (31) os 86 anos do PCdoB e a posse da nova direção do comitê de Belo Horizonte. O capital político do PCdoB foi o g
Publicado 01/04/2008 12:16 | Editado 04/03/2020 16:52
O ato reuniu além dos comunistas, importantes lideranças de vários partidos e teve momentos especiais, como a homenagem feita à militante histórica Gilse Cosenza. Gilse foi presidente do Comitê Municipal por mais de 10 anos e esteve por um tempo afastada de suas funções partidárias em decorrência de um tratamento de câncer. Mas para alegria dos militantes compareceu à plenária cheia de vida e entregou uma rosa ao novo presidente Zito Vieira. “Essa rosa vermelha representa toda a luta secular do Partido Comunista do Brasil”, declarou.
“Prato-feito”
O presidente Nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse que os comunistas não aceitam “prato-feito” em política, referindo-se à aliança PT/PSDB, que foi aprovada em eleições internas dos petistas da capital no último domingo.“Essa saída não é a saída democrática. É importante a pluralidade política. Nosso partido sempre prezou a discussão com quem compõem a base. Por isso, os nossos candidatos são pessoas com trajetória de coerência. O povo vai compreender e achar estranho este tipo de articulação”, avaliou.
A deputada federal e pré-candidata do PCdoB à prefeitura, Jô Moraes, brincou com o pessoal que compunha a democrática mesa do ato, recordando um pouco a biografia de cada um. Ela lembrou que todos ali tinham uma vida pública de lutas progressistas com grande presença na capital. Lembrou também dos momentos em que chegou a BH na década de 70 fugindo da repressão da ditadura. Relatou capítulos da sua vida política, passando pela Câmara dos Vereadores, pela Assembléia Legislativa e agora como a deputada federal mais votada da esquerda na capital.
Falou da importância daquele encontro que reunia homens públicos que não concordam com a forma como está sendo conduzida “pelos palácios” a sucessão municipal
“Numa cidade que foi palco da luta contra a ditadura, da campanha das Diretas Já, é isso o que queremos consolidar? O retorno de um projeto político neoliberal? Retroceder para alçar novamente o PSDB à Presidência da República?”, questionou. “Estamos aqui reunidos, os mais diferentes partidos políticos, para ampliar e construir alternativas. Construir o debate pleno e democrático”, completou, afirmando que a cidade não pertence a um ou dois partidos e, sim, ao povo que nela vive.
Contra o acordo
O vice-prefeito Ronaldo Vasconcellos (PV), mesmo chegando um pouco atrasado porque estava em reunião com o seu partido, fez questão de participar do ato e anunciar com exclusividade aos presentes que o PV havia deliberado naquele momento lançar candidatura própria para a prefeitura da capital.
Num rápido pronunciamento, ele destacou a trajetória do PCdoB, “um partido que honra a democracia brasileira”, e falou sobre a decisão de disputar o pleito municipal. “O processo democrático deve ser plural. Uma democracia só se constrói com muito debate e muita luta. Por uma cidade mais humana, mais justa, mais progressista, mais saudável, vamos ter candidato para as próximas eleições”, afirmou.
O deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB), um dos mais ferrenhos críticos da aproximação entre petistas e tucanos e um dos pré-candidatos peemedebista, fez duro discurso contra o acordo. “Quando duas canetas decidem uma candidatura estranha ao povo, eles usurpam do povo o direito de decisão, o direito do povo de tomar um novo rumo”, disse.
Sávio criticou a mordaça imposta aos poderes legislativo e judiciário em Minas e disse que com gastos vultuosos em propaganda o governo do estado impõe uma consciência dominadora. “Se você rasteja, não pode depois se queixar de lhe pisarem a cabeça. O PCdoB não rasteja, o PMDB não rasteja. Não vamos assistir a isso impassíveis”, disparou.
Posse
O ato foi coordenado pelo novo presidente do PCdoB/BH, o cientista social Zito Vieira, que junto com toda a direção do Comitê Municipal subiu ao palco para receber a posse das mãos da eterna presidente Gilse Cosenza, que entregou uma rosa vermelha a cada novo dirigente.
Zito falou do grande desafio que tem pela frente e que conduzirá o Partido num momento muito especial. “O PCdoB sempre mostrou coerência política para pensar com o povo o projeto que o país precisa. Vamos paras as ruas, como sempre fizemos. Nós queremos escutar o povo de BH”, disse.
Representando a pluralidade política, estiveram presentes o Vice-prefeito da capital, Ronaldo Vasconcellos (PV); os deputados estaduais Délio Malheiros (PV), Sávio Souza Cruz (PMDB), Adalclever Lopes (PMDB) e Carlin Moura (PCdoB); o Vice-presidente do PDT, Hélio Rabelo; Cláudio Sampaio, do PRB; Elson Júnior, do PR (falando em nome do deputado Lincoln Portela); o prefeito de Lagoa Santa, Rogério Avelar (PPS); e o Secrretário de Esporte da prefeitura, Renato Pereira (PSB).
Também participaram o Secretário executivo do ministério dos Esportes, Wadson Ribeiro; o Superindendente da Caixa Econômica Federal, Robledo Coimbra; e a vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB).
Rodrigo de Castro, filho do ex-prefeito de BH, Célio de Castro, também compareceu. A figura do ex-chefe do executivo municipal foi lembrada por todos os presentes como exemplo de homem público, que sabia ouvir e articular com todas as forças políticas e foi um dois melhores prefeitos da cidade.
Rafael Minoro
Foto: Gabriela Nascimento