Zé Dirceu: 'Discordo de Clóvis Rossi'
Na análise que faço sobre o material publicado hoje (5) pela FSP (Folha de S.Paulo) a respeito do dossiê apócrifo, permito-me discordar inteiramente do comentário assinado pelo Clóvis Rossi na página 2. Para mim é um modelo de manipul
Publicado 05/04/2008 20:20
Já está claro que foram os tucanos que subtraíram as informações do “dossiê” ilegalmente dos documentos sigilosos da Casa Civil. Se fosse um petista a própria Folha já teria revelado quem é a fonte. Mais do que isso, teria feito com as piores acusações, mesmo sem provas, como aliás já faz o jornalista em sua coluna hoje, publicada com o título “Tudo sempre igual”. Título perfeitamente aplicável ao artigo dele!
Clóvis Rossi podia ter aproveitado o espaço para responder a uma pergunta singela: quando o senador tucano Álvaro Dias teve acesso à documentação sigilosa, por que não a divulgou e não denunciou publicamente? Rossi não respondeu, eu respondo: em primeiro lugar para corroborar e sustentar a versão da Veja, totalmente favorável aos tucanos; em segundo, para preservar sua fonte tucana dentro do governo.
O grave é que o senador paranaense não pode nem alegar que não divulgou publicamente para proteger o sigilo da fonte. Por quê? Porque se admitir que teve acesso a dados sigilosos e os divulgou para a revista, estará confessando um crime e, no caso dele, quebra do decoro parlamentar.
Leia abaixo a coluna de Clovis Rossi
Tudo sempre igual
Ah, meu caro José Simão, o Brasil não é apenas o país da piada pronta. É também o país da coluna pronta. O que há mais para dizer depois do belo trabalho dos jornalistas Marta Salomon e Leonardo Souza? É auto-explicativo.
Mostra mais um grupo de homens-bomba instalados no coração do lulo-petismo preparando o que parece ser uma grande especialidade da casa, os dossiês. Não adianta vir agora com a história de que o vazamento foi obra de um “clandestino”, um suposto (ou real) tucano escondido no Palácio. O PT usou uma penca desse tipo de gente para obter dossiês quando estava na oposição. Não tinha, pois, o direito de ignorar.
Tinha, isto sim, a obrigação de saber que o jogo do poder “é cruel”, como me escreveu certa vez Ciro Gomes, então ministro da Integração Regional, a propósito do escândalo do mensalão. O texto dos dois bravos repórteres pega tanto o presidente da República como a sua principal ministra, Dilma Rousseff, no contrapé.
Ou mentiram sobre o “banco de dados”, que, na verdade, é dossiê (aliás, era arquievidente), ou não têm, nem um nem a outra, a menor idéia do que se passa nas salas ao lado das suas (ou acima ou abaixo, sabe-se lá).
Caem no ridículo também outros membros do governo que cobraram a revelação das fontes. Fingem ignorar que preservar a fonte é um direito dos jornalistas, como todo mundo sabe. E é também má-fé, porque trata de pôr no mesmo pé quem preparou a mensagem (um “crime”, no dizer de nota oficial da própria Casa Civil) e o mensageiro (quem a divulgou).
Enfim, não há, de fato, nenhuma novidade em mais essa história sórdida. Repito o que escrevi no dia 29: Lula acaricia sempre “mensaleiros”, “aloprados” e até Severino Cavalcanti. É óbvio que, no Palácio, todos se sentem estimulados a novos “crimes”.