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Ato em SP e BSB pede agilidade do STF sobre as células-tronco

Centenas de pessoas protestaram, neste sábado (5), em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília e também no centro da capital paulista, para pedir a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias. Os manifestantes, entre represent

O grupo deu um abraço simbólico na estátuta da Justiça. Os manifestantes também distribuíram flores e soltaram balões, com as cores do Movimento em Prol da Vida, que organizou o ato.


 


As pesquisas com células-tronco envolvem discussões sobre quando começa a vida. É questionado se o uso dessas células significará a impossibilidade delas se transformarem em vida. A coordenadora do Movimento em Prol da Vida (Movitae), Gabriela Costa, explicou que as pesquisas com células-tronco embrionárias tratam de embriões inviáveis para gerar seres humanos.


 


“Eles não têm as características necessárias para gerar uma vida, jamais serão inseridos no útero materno. Estamos falando de um material que hoje é descartado e queremos dar um fim nobre para esse lixo. Usar esse lixo para a pesquisa, para a busca de tratamento, a busca de cura”, disse.


 


''A grande polêmica que envolve a questão do uso das células-tronco embrionárias é provocada por meia dúzia de pessoas que acreditam que esse embrião utilizado para pesquisa é uma vida humana que não pode ser destruída”, disse a vereadora paulistana Mara Gabrilli (PSDB), organizadora da caminhada em São Paulo.


 


Gabriela lembrou que as pesquisas com células-tronco podem ajudar pessoas que sofrem de várias doenças como diabetes, leucemia, derrames e também lesões físicas irreversíveis, causadas por acidentes ou doenças genéticas.


 


“As células-tronco estão sendo testadas no mundo inteiro para doenças que são consideradas incuráveis”, disse ao pedir pressa na decisão do Supremo. “Estamos falando de pessoas que têm tempo de vida. A gente sabe que para as pesquisas científicas darem resultado é necessário tempo. Queremos mostrar que essas pessoas não têm tempo, elas têm pressa”, completou.


 


A discussão no STF


 


O que o STF julga é uma ADIN feita pelo subprocurador-geral da República, Cláudio Fontelles. Ele é contra um artigo da Lei de Biossegurança que regulamenta a pesquisa com células-tronco de embriões congelados.


 


Fontelles alega que os embriões são considerados vida e não podem ser descartados. “No momento da fecundação, surge uma célula única que não depende da mãe nem do pai, ela própria vai se formando. Não pode eliminar essa vida que é autônoma, o útero simplesmente acolhe essa vida”, disse.


 


Ele alertou que esse tipo de pesquisa ainda não mostrou resultados. “A pesquisa continua sendo feita há dez anos e não tem resultado nenhum. Onde podemos encontrar resultados positivos é com células-tronco adultas”, disse.


 


Cláudio Fontelles disse que a expectativa é de que até o fim deste semestre o STF já tenha uma decisão definitiva sobre o assunto.


 


Pesquisa importante


 


“É um embrião que está congelado, sem sistema nervoso e sangue e que se não for utilizado para pesquisa, vai para o lixo”, disse Gabrilli. Segundo a vereadora, será um “retrocesso para o Brasil” se o Supremo Tribunal Federal (STF) não aprovar as pesquisas com células-tronco embrionárias. “O Brasil vai ter de começar a importar pesquisa e a pagar royalties por isso. Somente as pessoas com recurso é que vão poder ir para fora do país fazer o tratamento”.


 


Segundo Mayana Zats, diretora do Centro de Estudos Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), as pesquisas nessa área são muito importantes porque as células-tronco embrionárias são as “únicas que têm potencial de formar todos os tecidos do corpo e principalmente porque são as únicas com capacidade de formar neurônios, fundamentais no futuro para regenerar inúmeros tecidos e recuperar a capacidade de andar de pessoas que sofreram acidentes, que têm a doença de Parkinson ou que têm doenças neuro-musculares”.


 


De acordo com ela, há hoje no Brasil vários grupos fazendo pesquisas, mas com células-tronco adultas que, diferentemente das embrionárias, só podem formam sangue, ossos, cartilagens e músculos. Para Zats, as pessoas hoje confundem a utilização de células-tronco embrionárias com aborto: “Estamos falando de embriões que foram gerados por fertilização assistida, nunca estiveram em útero e nunca estarão em útero e que se não forem utilizados para pesquisa, ficarão congelados para sempre”.


 


O que dizem os médicos


 


Para os manifestantes que participaram do ato no centro da capital paulista, a questão religiosa tem gerado um entrave na aprovação das pesquisas com células-tronco por defender que os embriões tenham vida. O apresentador Dudu Braga, defensor das pesquisas, acredita que essa discussão deveria ser “mais científica do que religiosa”.


 


“A discussão filosófica é muito ampla. Onde começa a vida? Se começar por aí, a gente não pode mexer em absolutamente nada. Sou um cara muito espiritualizado, católico, tenho a minha fé, mas sou totalmente a favor da evolução científica, que nesse caso é uma grande evolução da espécie humana”, afirmou.


 


Para o médico Marco Aurélio Cunha, “é uma obrigação as pesquisas prosseguirem: é um dever do estado garantir isso e é  dever e compreensão da religião evoluir também”.


 


“Vivemos num país de violência, de trânsito caótico, certamente teremos muitos lesados medulares por falta de condições de estradas, de diretrizes de trânsito, por falta de prevenção. Se pudéssemos combater isso seria muito bom, mas já que temos uma crise nesse sentido, seria interessante dar oportunidade a quem tenha sofrido uma situação dessa de uma chance de recuperação”, disse Cunha.


 


Em entrevista à TV Brasil, o padre Juares Pedro Castro, porta-voz da Cúria Paulistana, disse que a Igreja Católica não “acha que está interferindo” nas pesquisas ao se posicionar contrariamente a elas. “A Igreja é sempre a favor da vida e acha que é imoral que se destrua uma vida para garantir outra”, defende.