Nivaldo Santana: “A via venezuelana para o socialismo”
Sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário, ensinou Lênin. Para dar conta dessa lição, precisamos saber combinar a teoria com a prática. Os chineses falam sempre na expressão “buscar a verdade nos fatos”, atualizando um conceito de Marx
Publicado 17/04/2008 10:51
Cada país deve seguir seu próprio itinerário, de acordo com suas especificidades. Modelo único é anticientífico, diz o programa do PCdoB.
Creio que nós devemos saudar a heróica resistência de Cuba, aprender com via original seguida pela China (economia socialista de mercado). Mas é hora de nos debruçarmos sobre a Venezuela.
Fiquei uma semana na República Bolivariana de Venezuela. Creio que o país passa por um processo que merece receber o nome de revolucionário.
A luta pela construção do socialismo, contra as oligarquias, pela solidariedade à Cuba, à Bolívia e ao Equador fazem parte do dia-a-dia do país.
Há uma verdadeira revolução na educação, com a mudança dos conteúdos curriculares e nos critérios de acesso. Também há, e é por revolução tributária que eles denominam, mudanças nas alíquotas, na origem e no destino dos tributos.
Livros, revistas, jornais, camisetas, pichações, eventos, tudo massifica a onda revolucionária que sacode o país. A guerra midiática, lá, é travada em campo aberto.
Tevês, rádios, jornais, revistas dos dois lados travam uma verdadeira guerra de idéias. E há uma grande mobilização popular.
O ato para celebrar, seis anos depois, a derrota do golpe, mobilizou uma multidão, incalculável, segundo o artigo de Bernardo Joffily, publicado no Vermelho.
E todo mundo veste camiseta vermelha, sabe o que está acontecendo. Chávez falou por mais de três horas para a multidão e também em rede nacional de rádio e TV.
Tudo em meio a dificuldades. Uma delas: de sexta até a manhã de domingo houve 35 homicídios (!) em Caracas, segundo um jornal local. Sem contar os furtos e roubos dos delegados à Assembléia do Conselho Mundial da Paz.
Além disso o trânsito de Caracas é caótico, a cidade foi planejada para os automóveis, os ônibus são velhos, a infra-estrutura urbana confusa. Mas o metrô é razoável, suas três linhas atendem bem a cidade, embora transporte seja um problema sério, pela quantidade crescente de automóveis em um país em que a gasolina é quase gratuita.
A saúde e a educação melhoram bastante, a economia vai bem, embora o país seja muito dependente do petróleo. É isso.
* Nivaldo Santana é um dos vice-presidentes da CTB. Foi deputado estadual pelo PCdoB-SP por três mandatos.
Fonte: Blog do Nivaldo