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Helio Fernandes: Haroldo Lima, insuspeito e intocável

Surpresa total quando Haroldo Lima, presidente da ANP, (Agência Nacional de Petróleo) num seminário da Fundação Getulio Vargas fez declarações maravilhosas sobre o futuro do petróleo no Brasil. É preciso reproduzir textualmente: “O Brasil PODE TER desc

Lógico, a notícia logo se espalhou, os profissionais da Bovespa começaram a comprar, não quiseram nem confirmação. Como o mercado é de oferta e procura, o preço das ações da Petrobras subiu logo 8% aqui e 11% em Nova Iorque.



Como também é habitual, para dissipar ou diminuir o estrondo da notícia, começaram a ACUSAR leviana e insensatamente, mas com toda cautela, “que Haroldo Lima estaria fazendo o jogo da especulação para levantar o preço das ações da Petrobras”. Que aliás nem precisa disso. A Petrobras não precisa e Haroldo Lima não é capaz de especular.



Antes de acusar é necessário conhecer o passado e o presente de Haroldo Lima, e ter certeza do que ele fará agora e sempre. Ferrenho defensor do interesse nacional, não transigiu, não concedeu, não negociou, não pediu pela própria vida ou liberdade. Entrou para a relação dos homens mais torturados durante a ditadura.



Haroldo Lima foi preso na tristemente famosa “chacina da Lapa”, junto com Aldo Arantes e Elza Monerat. (Dois companheiros dele foram mortos, poucos escaparam.) Haroldo foi torturado B-A-R-B-A-R-A-M-E-N-T-E, durante 6 anos seguidos.



E finalmente levado a julgamento pela “justiça teleguiada e injusta do regime autoritário, condenado a 10 anos de prisão”. Cumpriu 3 anos em regime fechadíssimo, quando veio a anistia de 1979, foi solto.



É a história desse presidente da ANP, que entrou na luta pela defesa do mais legítimo interesse nacional, com 20 anos. Não falei com Haroldo, ninguém me pediu nada, estas são notas jornalísticas e não de agrado ou desagrado de ninguém. Hoje com 69 anos, perto de completar 70 anos, Haroldo Lima continua com o mesmo espírito guerreiro, só que é um guerreiro da liberdade e da defesa do que serve ao Brasil.



É possível que alguns especuladores tenham ganho dinheiro com a informação que ele fez PÚBLICA e ABERTAMENTE. Mas esses especuladores ganham de qualquer maneira. Se o fato não se confirmar, vendem e ganham novamente. Haroldo Lima não tem dinheiro ou ligação para jogar na Bovespa, comprar ou vender ações da Petrobras. Se tivesse recursos, compraria cada vez mais Petrobras, acredita mil por cento na empresa.



Provavelmente, quase certo, o objetivo de Haroldo Lima foi denunciar acordos da Petrobras com empresas estrangeiras. Esse megacampo que ele chamou de “Pão de Açúcar”, já não é “tão nosso”como deveria ser. A Petrobras só tem 45% de um grupo que explora o petróleo desse megacampo. A inglesa BG, tem 30%, a argentina-espanhola, Repsol, os outros 25%. Por que e para quê a Petrobras precisa de recursos para exploração e prospecção?



PS – Estes são fatos, fatos, apenas fatos. A descoberta de campos e mais campos, uma surpresa agradabilíssima. Nos anos 40 e 50, os americanos mandaram para cá um tal “Mister Link”, que usava a mídia para dizer e repetir: “Não há petróleo no Brasil”. Hoje se sabe que era pura traição dos “nossos irmãos do Norte”.



PS 2 – Todo o “petróleo é nosso”, ainda, de acordo com a campanha famosa? Talvez com medo de que esteja deixando de ser, Haroldo Lima tenha feito a declaração. Quero ver quem vai desmenti-lo.



* Helio Fernandes é jornalista



Fonte: Tribuna da Imprensa