TV pública deve ser contraponto às comerciais, diz Cruvinel
A jornalista Tereza Cruvinel, diretora-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), defendeu a existência da TV pública como contraponto às emissoras comerciais. Em debate promovido pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo Instituto Fernando Hen
Publicado 18/04/2008 19:43
“A TV pública tem a ver com a democracia”, disse a jornalista. “Sua programação é diferente da que é transmitida pelas televisões comerciais, onde existe uma dependência entre audiência e publicidade”. Segundo Cruvinel, a TV Brasil, fundada em dezembro, cumprirá com um papel que as televisões privadas não dão conta.
Uma de atribuições da nova emissora é garantir a participação da sociedade. A programação, nesse sentido, é mais diferenciada, “voltada para a educação no sentido largo, sem tratar o cidadão como mero consumidor”. Como exemplo, a diretora da EBC citou o espaço garantido na programação para a produção independente.
Além de Cruvinel, participaram do debate Paulo Markun, diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, e Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás. O encontro, mediado pelo novo ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins da Silva, ocorreu na sede do jornal e discutiu a comunicação pública no Brasil.
Eugênio Bucci declarou que a necessidade da comunicação pública ainda não é muito clara: “A resposta a qualquer má informação é a busca do bom jornalismo. Não é o uso de uma emissora por uma autoridade que vai trazer a verdade, só vai agravar a mentira. Apenas o direito a informação justifica a existência da radiodifusão pública em geral.”.
Cruvinel e Markun defenderam a destinação de recursos do Estado para a sustentação de emissoras públicas. Lins da Silva indagou os participantes sobre a possibilidade de um financiamento similar ao da rede norte-americana PBS – que se baseia em doações dos telespectadores. Markun afirmou que o ideal é que a sociedade pague a conta da comunicação pública – mas ele disse não acreditar que o público brasileiro já esteja pronto para contribuir voluntariamente com isso.
Já a diretora da EBC afirmou que o modelo da PBS é interessante. O orçamento da emissora, no entanto, também recebe recursos públicos. “O Estado ter participação é importante. Não acho que aí está o problema, desde que sejam criados mecanismos para que ele (governo) não faça disso, o aporte de recursos orçamentários, uma condição para querer manipular e controlar”, afirmou Cruvinel.
Os debatedores lembraram que as emissoras comerciais também são mantidas por recursos públicos. O custo da veiculação dos comerciais é, segundo eles, repassado aos consumidores no preço dos produtos anunciados.