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Fórum reafirma compromisso com a integração latino-americana

Joel Benin, vice-presidente do PCdoB de Curitiba e um dos coordenadores gerais do Fórum Social do Mercosul, avalia que o evento é vitorioso porque mobilizou 12 países e está debatendo problemas efetivos que as nações das Américas precisam enfrentar nos pr

A abertura oficial do Fórum Social do Mercosul, que está sendo realizado em Curitiba até amanhã (28), teve lances emocionantes. Em comemoração aos 40 anos da “rebelião estudantil” de 1968, os ex-dirigentes da União Paranaense dos Estudantes (UPE) daquela época foram homenageados com uma comenda do “Fórum Social do Mercosul”. Entre os que receberam o reconhecimento público está o médico José Ferreira Lopes, o Dr. Zequinha, que, durante a ditadura militar, foi flagrado pelas lentes do repórter fotográfico Edson Jansen enfrentando a cavalaria do Exército com um estilingue. O registro da valentia daquele jovem, que expressava a vontade da juventude de 68, correu o mundo e valeu a Jansen o Prêmio Esso de Fotojornalismo. No mesmo local que está sendo realizado o Fórum Social, celebrado como espaço democrático e de solidariedade entre os povos das Américas, foi há 40 anos um campo de batalha entre o regime autoritário e os estudantes. Dr. Zequinha, militante do PCdoB paranaense, assim como os demais homenageados na tenda armada no pátio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), se emocionaram e quase foram às lágrimas.


 


Foi neste contexto que o governador Roberto Requião, anfitrião do Fórum, fez o discurso de abertura do evento afirmando que “há uma contradição fundamental entre nação e mercado. O mercado tem o único e exclusivo compromisso: o compromisso com o lucro que movimenta sob as finanças das bolsas do mundo, com a velocidade da internet, causando desemprego com a brutalidade da especulação. A nação, diferentemente do mercado, tem características próprias. A nação tem espaço territorial conquistado com o suor e sangue dos povos ao longo da sua história”. O chefe do executivo do Paraná também pediu aos participantes do encontro que aprovassem uma recomendação ao presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo Mendez, para que ele abra um espaço no Rio Paraguai para a instalação um porto boliviano, gesto que daria um passo importante e necessário para a unificação da América do Sul. Segundo Requião, cerca de 90 mil pessoas teriam morrido numa guerra entre o Paraguai e a Bolívia patrocinada por interesses ingleses na região. “A Bolívia precisa de uma saída ao mar. Tenho falado sobre isso como o presidente Lula e o chanceler Celso Amorim.”, garantiu ele, ao defender um sistema de contrapartidas mútuos dos países. “O Brasil pode ser generoso com o Paraguai, mas o nosso vizinho precisa ser generoso com a Bolívia”, insistiu.


 


Socorro Gomes, presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e secretária dos Direitos Humanos e da Justiça do Pará, disse que estava participando do encontro não como secretária de Estado, mas como representante do Conselho Mundial da Paz. Ela foi eleita recentemente para dirigir a entidade num congresso mundial realizado no começo do mês em Caracas, na Venezuela. “A luta pela paz é uma luta estratégica contra a política belicista dos Estados Unidos. Por isso é importante as entidades sociais abraçarem esta bandeira contra o imperialismo norte-americano, que agride países como Iraque, dentre outros”, destacou.


 


O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nivaldo Santana, anunciou aos delegados do Fórum Social do Mercosul que no congresso de fundação da central sindical foi aprovado um projeto de desenvolvimento nacional com ênfase na valorização do trabalho, na soberania nacional e na integração latino-americana. O dirigente da CTB afirmou ainda que cabe aos movimentos populares colocarem na pauta política as reformas que realmente interessam aos brasileiros. “As reformas tributária, política, agrária, dos meios de comunicação, urbana e educacional são propostas de uma nova agenda política e social ao país”, disse Santana.


 


Joel Benin, vice-presidente do PCdoB de Curitiba, é um dos coordenadores gerais do Fórum Social do Mercosul. Ele disse que o evento é vitorioso porque mobilizou 12 países e está debatendo problemas efetivos que as nações das Américas precisam enfrentar nos próximos anos. “Estamos realizando neste Fórum debates em torno de assuntos estratégicos e práticos, como a agenda dos trabalhadores para o desenvolvimento”, informou Benin. Ele disse ainda que no sábado os painéis abordaram temas desde habitação e direito de morar, democratização dos meios de comunicação e uso da bicicleta como meio de transporte. “Neste domingo discutiremos a Paz e a Soberania, além de outros assuntos de importância estratégica às nações latino-americanas”, informou Benin.


 


De Curitiba,
Esmael Morais