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Governo da Bolívia vê ausência arrasadora em referendo

O governo da Bolívia disse na tarde deste domingo (1) que houve uma ''ausência arrasadora'' nos referendos autonomistas nos Departamentos (Estados) de Beni e Pando. O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse que o governo constatou ''muito p

Quintana qualificou a falta de participação de ''rejeição explícita'' aos estatutos autônomos referendados, ao que se referiu como uma ''impostura democrática''.
Os referendos de hoje em Beni e Pando são considerados pelo governo de Evo Morales como ilegais e separatistas.



O governo de Evo Morales também ressaltou neste domingo que não reconhecerá os resultados dos referendos, porque suas convocações foram ilegais. ''Com certeza!'', disse o porta-voz do Palácio de Governo, Iván Canelas, quando a rede de televisão PAT lhe perguntou se o poder Executivo não reconheceria as consultas populares. ''É uma perda de tempo, de recursos econômicos, de desgaste da população (…) esses estatutos foram redigidos sem a participação da população'', afirmou Canelas.



O prefeito regional de Pando, Leopoldo Fernández, veterano líder de direita ligado ao grupo Podemos, acusou governo –através de seus partidários e da Polícia local– de impedir que cerca de 2.500 pessoas comparecessem às urnas.



Já o porta-voz Iván Canelas disse que o melhor caminho para a oposição nestes Departamentos é dialogar, ao invés de seguir o que chamou de ''caminho da ilegalidade''.



Canelas reprovou a atitude dos prefeitos regionais por terem se oposto ''de maneira sistemática'' aos apelos do Governo para um processo de diálogo.



''Ou ingressam neste processo de diálogo para resolver no âmbito da legalidade os problemas do país ou seguem nesta corrida de ilegalidade e de ilegitimidade'', disse Canelas em declarações a uma rede de televisão local.



Para grande número de analistas políticos, o que está por trás dos referendos é, na verdade, a insatisfação de uma elite branca, racista e pró-imperialista acostumada a séculos de privilégios e desmandos e que agora se vê obrigada a conviver com um presidente de origem popular e indígena que vem promovendo uma série de reformas reformas estruturais para tirar a Bolívia do colonialismo predatório das multinacionais e colocá-la no caminho do desenvolvimento e da justiça social.



Este incômodo da elite com a perda de poder, sobretudo com a perda de poder sobre os rumos da economia, alimentou o movimento separatista de Santa Cruza de la Sierra –estado mais rico do país e principal região opositora ao presidente Evo Morales– e contaminou também os setores empresariais de outros departamentos que integram as províncias da chamada Meia-Lua, como é o caso de Beni e Pando.



Beni, com 430 mil habitantes, e Pando, com 74 mil, representam apenas 5% da população boliviana (de dez milhões de habitantes) e sua incidência no Produto Interno Bruto é de apenas 4,5%.


 


Aos processos autonômicos de Santa Cruz, Beni e Pando se somará em 22 de junho o de Tarija, rica região que possui 85% do gás da Bolívia.



Golpe


 


Para o prêmio Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel, os referendos sobre o estatuto autônomo na Bolívia são uma ''tentativa de golpe de Estado disfarçado''.



Pérez Esquivel, que esteve na Bolívia no início de maio, afirmou em entrevista coletiva que o primeiro plebiscito, o de Santa Cruz, foi organizado por ''fazendeiros'' cuja intenção é ''desestabilizar o Governo e gerar uma situação de confronto''.



Além disso, chamou a atenção para ''o alto índice de racismo'' das classes dirigentes em Santa Cruz e também alertou que os veículos de comunicação bolivianos ''assumiram uma opção clara pelo estatuto e por privilegiar o capital financeiro sobre a vida do povo''.



Da redação,
com agências