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Violência contra mulher vira piada em shows no RS

Em Novo Hamburgo, na Região Metropiolitana de Porto Alegre, piadas sobre violência contra mulher viram tema de show promovido pela prefeitura em bairros da cidade. Lei Maria da Penha também entra no repertório dos animadores pagos com dinheiro público.
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A prefeitura de Novo Hamburgo, Região Metropolitana de Porto Alegre, vem promovendo shows em bairros populares da cidade, com a apresentação de bandas e distribuição de brindes para milhares de pessoas. Nestes shows, são promovidas obras da prefeitura e o prefeito Jair Foscarini (PMDB) – que concorrerá à reeleição – é apresentado como atração especial. A Justiça Eleitoral do RS já determinou a suspensão dos shows em virtude da óbvia exploração eleitoral dos eventos. Mas o caso não pára aí.


 


No show realizado no dia 18 de maio, no bairro Santo Afonso, os animadores do evento, pagos com dinheiro público, divertiram-se contando piadas, cujo tema era a violência contra a mulher e a lei Maria da Penha. Em um determinado momento, os animadores que estavam distribuindo camisetas para o público travaram o seguinte diálogo:


 


– O que houve com o teu olho, mulher? O que houve com o teu olho? O marido, é?


 


– Maria da Penha. Maria da Penha, diz o outro. Aí, diz o novo animador:


 


– Agora, esta aqui (camiseta), vai lá no meio. Vou tentar mandar para aquela senhora que levou uma no olho.


 


A narração dos animadores mostra o “altíssimo nível” do evento cultural promovido pela prefeitura para a população de Novo Hamburgo. Eles prosseguiram contando a seguinte piada:


 


Rogério Forcolen – A prefeitura fez um evento pra trazer pro bairro, pro povo, poder curtir a sua festa, porque todo bairro de Novo Hamburgo merece ser valorizado com os artistas.


 


Jaime Oliveira: Ô Nerci….


 


Rogério Forcolen: Fala meu galo


 


Jaime Oliveira: O cara vai lá, surra a muié, deixa com o olho, com um bandeide gigante, uma atadura por baixo. Tu tem uma história sobre isso né? Sobre esse assunto.


 


Rogério Forcolen: A mulher carioca, uma mulher paulista e uma gaúcha se reuniram para falar sobre a sua vida conjugal. Aí a carioca disse: Lá em casa eu me rebelei, não faço mais nada que aquele sem vergonha quer, eu não lavo mais a roupa dele, não lavo mais a louça, não faço mais nada.


 


Ah é?? O que aconteceu???


 


Ah, no primeiro dia não vi nada, eu mandei ele levar a louça e não vi nada, no segundo dia também não vi nada, mas no terceiro dia ele já começou a lavar tudo.


 


Aí a paulista falou: É eu também me rebelei lá em casa, também não esfrego mais o chão, não lavo mais nada, eu disse pra ele, se ele quiser lavar as janelas, se ele quiser lavar as janelas que lave.


 


Aí elas perguntaram. Aí o que aconteceu???


 


Primeiro dia não vi nada Aí a paulista, primeiro dia não vi nada, no segundo não vi nada, mas no terceiro ele começou a lavar tudo.


 


Aí a gaúcha falou: É eu também me rebelei lá em casa, disse que não lavava mais nada pra ele, não fazia o churrasco, não fazia mais nada.


 


E elas. E aí????


 


No primeiro dia não vi nada, no segundo dia não vi nada, no terceiro também não vi nada, no quarto não vi nada, lá pelo quinto quando começou a desinchar os óio, eu comecei a enxergar de novo.


 


Jaime Oliveira: Tomo-lhe umas bem forte….


 


Rogério Forcolen: E a Maria da Penha pegando… e a Maria da Penha pegando….


 


Considerando que a violência doméstica contra mulheres é um problema de saúde pública hoje no Brasil, especialmente na periferia de médias e grandes cidades, é, no mínimo, estranho, que um órgão público financie esse tipo de manifestação.



Fonte: Agência Carta Maior