Adalton M. Ozaki: jovens de hoje formam a 'Geração Alt+Tab'
A geração atual bem que poderia ser chamada de Geração Alt+Tab. Para quem não sabe, as teclas Alt e Tab quando pressionadas juntas no computador permitem que você alterne entre os programas abertos.
Por Adalton M. Ozaki *
Publicado 02/06/2008 18:19
Os jovens falam com três amigos simultaneamente em um programa de mensagens instantâneas como o MSN ou Yahoo Messenger, enquanto escrevem um e-mail, baixam um vídeo, ouvem uma música e ainda escrevem um texto no Word. Trabalham simultaneamente não apenas com vários programas, mas também com vários problemas e tarefas “off-line” do dia-a-dia.
São extremamente informados. A internet fornece acesso a praticamente qualquer conhecimento que a pessoa deseja obter. Em uma sala de aula, às vezes, os jovens sabem até mais sobre alguns assuntos do que o professor, gerando a necessidade de mudança do papel do mestre: de transmissor de conhecimento para mentor ou orientador sobre o que é relevante ou não no meio do mar de informações disponíveis na rede mundial de computadores.
São impacientes. Não são pessoas acostumadas a ler extensos romances ou livros do começo ao fim. Estão acostumados com a linguagem da internet, concisa e objetiva. Não lêem jornal, mas assinam newsletters ou feeds de RSSs, que consistem em uma tecnologia para receber notícias curtas através de um programa chamado de agregador.
O fato de ler menos, aliado ao uso de uma linguagem particular nos programas de mensagens instantâneas, faz com que tenham limitações grandes no uso da língua portuguesa. Muitos jovens escrevem abreviando palavras da mesma forma com que teclam. Usam “vc” em vez de você, “eh” em vez de é, e símbolos tais como “:)” para expressar um sorriso, e assim por diante.
Desenvolveram também a musculatura do dedão. A agilidade que possuem para digitar mensagens no celular, com apenas uma das mãos e utilizando apenas o dedão é impressionante. A maioria dos jovens envia dezenas de mensagens de SMS por dia.
Devido a esta característica, no Japão, essa geração também é chamada de “oyayubi sedai”, cuja tradução seria “geração do dedão”. Apenas para citar um aspecto, reparem como as pessoas apertam a campainha. Muitas pessoas de mais idade pressionam a campainha com o indicador. A maioria dos jovens o faz com o dedão.
Mas a denominação mais utilizada, seja por escritores e pesquisadores, acaba mesmo sendo a de geração digital. Esta geração não conhece o que é o mundo sem telefone celular, sem computador e sem internet.
Apenas para ilustrar, dentre os ingressantes no curso de Administração da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), 98% possuem celular, 87% possuem micro em sua casa com uma média de 1,5 micros por residência (alguns alunos chegando a ter quatro micros), em média possuem 3,7 contas de e-mail cada um e apenas 2% não utilizam um programa de mensagens instantâneas.
Os jovens nascidos em 90 estão agora com seus 18 anos e estão ingressando no mercado de trabalho. Será um imenso desafio para as empresas conciliar os interesses de quem hoje está nos principais cargos com a cultura desta nova geração, muito impaciente, informada e totalmente conectada.
* Adalton M. Ozaki, coordenador dos cursos de graduação em Administração de Empresas da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), é mestre e bacharel em Administração de Empresas