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Aldo encabeçará campanha do Bloco de Esquerda em São Paulo

A quase quatro meses das eleições 2008, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) se consolida como o nome do Bloco de Esquerda para disputar a Prefeitura paulistana. “O PSB, o PRB e o PCdoB evoluíram para o apoio à minha candidatura”, confirma o parla

Aldo calcula que terá duas inserções diárias de aproximadamente quatro minutos na TV (uma de manhã, outra à noite) durante a propaganda eleitoral gratuita. Com esse tempo e uma plataforma alicerçada nas idéias do Bloco de Esquerda — com foco na educação —, sua campanha tentará ganhar visibilidade diante de concorrentes mais conhecidos do eleitorado.


 


Na última pesquisa de intenção de voto realizada pelo Datafolha, em 15 de maio, o nome de Aldo aparecia com 2% em três cenários. Um número ainda distante dos dois dígitos obtidos pelos pré-candidatos Marta Suplicy (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) — mas nada que intimide Aldo Rebelo. “Qualquer pesquisa é como palpite sobre um jogo que não começou.”


 


 


Está 100% confirmado que você será o candidato do Bloco de Esquerda?
Já fazia tempo que o bloco tinha se definido — PSB, PDT e PCdoB — pelo lançamento de uma candidatura própria. Nosso compromisso, desde o começo, era discutir as cidades brasileiras, apresentar propostas e projetos, sobretudo em municípios como São Paulo. O PRB e o PHS se integraram posteriormente a esse compromisso.


 


Surgiram três pré-candidaturas — a da deputada Luiza Erundina, pelo PSB; o Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, do PDT; e o meu nome. Até aqui, o PSB, o PRB e o PCdoB evoluíram para o apoio à minha candidatura. O PDT ainda não manifestou a decisão final e mantém a pré-candidatura do Paulo.


 


Você acredita que o PDT ainda pode aderir à sua candidatura?
Nós constituímos um grupo para acompanhar as eleições e temos de nos prender apenas a compromissos assumidos. Não podemos especular.


 


Quem o Bloco de Esquerda está vislumbrando para ser seu vice?
Essa discussão é posterior. Precisamos ainda formalizar a candidatura, realizar convenções. Só nesse âmbito é que o bloco discutirá um de seus nomes para ser o vice.


 


A Soninha Francine, pré-candidata do PPS, declarou que gostaria muito de firmar uma aliança com o PSB e PCdoB. Mas ponderou que você “também está bem disposto a ser candidato”, assim como ela. Essa possibilidade de coligação está descartada?
Uma composição que envolvesse o bloco e o PPS seria uma coisa muito boa para São Paulo. São dois bons projetos e, com ou sem aliança, acho que a Soninha apresenta uma candidatura respeitável.


 


As negociações entre o bloco e o PT foram prejudicadas pela preferência petista em se coligar com o PMDB. Você até cunhou a expressão “síndrome de Cronos”, acusando o PT de, a exemplo do deus grego, devorar seus aliados…
PT e PCdoB integram uma aliança muito, muito importante, em torno do apoio ao governo Lula. Somos da base aliada ao governo federal. Eu respeito muito a candidatura da Marta Suplicy e acredito que ela tem um painel respeitável ao redor. Mas as proposituras do Bloco de Esquerda e as do PT nos impedem de seguirmos juntos na eleição em São Paulo.


 


Com PCdoB, PSB e PRB juntos, qual será o tempo de sua candidatura na propaganda eleitoral na TV?
Nós estimamos algo em torno de quatro minutos.


 


O que fazer, nesses quatro minutos, para vencer as restrições da legislação eleitoral e projetar a candidatura?
Como diria o mestre Arraes (Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco), o capital dos pobres é a criatividade, a imaginação. Além de uma boa campanha na TV, precisamos ir ao encontro dos eleitores e expor nossas idéias — procurar formas de estabelecer esse contato. O bloco está pronto e determinado a fazer a campanha.


 


Nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo, seu nome aparece com, no máximo, 2%. Como você avalia esses números, essas sondagens iniciais?
Qualquer pesquisa é como palpite sobre um jogo que não começou. É como o “bolão” que as pessoas costumam fazer durante uma Copa do Mundo, palpitando sobre os resultados dos jogos. Além disso, Alckmin, Kassab e Marta — os candidatos à frente da pesquisa — gozam do privilégio de já terem disputado eleições majoritárias, o que torna seus nomes e suas candidaturas mais conhecidas. Já a nossa campanha ainda não começou efetivamente, e a candidatura tende a crescer.


 


Como você — que está desde 1991 em Brasília — faz para detectar os problemas mundanos e cotidianos dos moradores de São Paulo? O que fazer, por exemplo, para ouvir as demandas mais pontuais do trabalhador, da dona-de-casa, do desempregado que está em São Paulo?
Eu venho a São Paulo a cada semana. Todas as minhas eleições (Aldo foi eleito vereador da capital em 1988 e deputado federal em 1990, 1994, 1998, 2002 e 2006), eu faço sobretudo na capital. Posso dizer que conheço razoavelmente os dramas e os desafios dos paulistanos, das pessoas que residem ou trabalham na cidade. E também sei das grandes potencialidades que São Paulo tem para enfrentar seus problemas.


 


E entre esses problemas que você abordará na campanha, no processo eleitoral, a educação será o tema principal, não?
A educação deve ser o tema prioritário. É uma questão que serve para o presente e para o futuro da sociedade, das crianças, das famílias — é a principal questão da democracia. Para ser digna desse nome, a democracia pressupõe existência de uma educação de qualidade, que ajude seu povo a construir uma sociedade mais justa.


 


Os prefeitos de São Paulo foram negligentes com a educação?
Erros muito graves foram cometidos, mas não vou examinar erros. Vou trabalhar para apresentar soluções.


 


Além dos partidos do bloco, você está recorrendo a especialistas e técnicos para elaborar a plataforma de campanha?
Esse tipo de contato é permanente. Como deputado federal, é meu dever correr atrás de diagnósticos confiáveis sobre os problemas do país, de São Paulo. É algo imprescindível para enfrentar o debate.


 


Em São Paulo, o PCdoB sofreu reveses nas eleições de 2004 e 2006. Como uma candidatura majoritária como a sua pode ajudar o partido a se fortalecer?
Estamos integrados a essa frente do partido, comungamos de uma perspectiva comum para São Paulo. O PCdoB sempre cresce nas batalhas políticas, nas batalhas eleitorais, e tem tudo para alcançar uma vitória importante em outubro.