Vídeo: greve fecha 777 agências e leva TRT a multar bancos
Uma passeata, com cerca de oito mil vigilantes – segundo a organização – percorreu todo o centro de São Paulo nesta quarta-feira (4) e mostrou a força da categoria. A greve dos vigilantes, iniciada na segunda, conta com a adesão de 30 mil trabalhadores e,
Publicado 04/06/2008 21:27
vigilantes reivindicam aumento salarial de 13,5%, 30% de adicional de risco e o aumento de R$ 5,00 para R$ 10,00 no valor do tíquete alimentação. A jornada de trabalho média de um vigilante, segundo a Agência Brasil, é de 96 horas semanais, sendo R$ 4,40 pagos por hora, podendo variar em alguns estados do país.
Está previsto para às 15 horas desta quinta o julgamento do “dissídio de greve”, em que a Justiça vai fixar o percentual de reajuste salarial da categoria. O TRT afirmou que houve uma reunião de conciliação, mas não foi fechado nenhum acordo.
“Estamos fazendo um apitaço no sistema financeiro. Mostrando para eles que nós temos valor e que eles precisam dos vigilantes”, afirmou Édson dos Santos, diretor operacional do Sindicato dos Empregados em Empresas de Segurança e Vigilância do Estado de São Paulo.
A passeata desta quarta foi ouvida em todos os principais pontos do agitado centro da capital paulista. Após percorrerem cerca de 12 quilômetros, saindo da Câmara Municipal e passando pelas Ruas 15 de Novembro, Boa Vista e Líbero Badaró, Avenidas São João e Ipiranga, Rua da Consolação, Avenidas Paulista e Brigadeiro Luiz Antônio e pela Rua Dona Maria Paula, a manifestação dos vigilantes chegou às 15h22 em frente à Câmara Municipal.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que, por volta das 14h33, foi registrado 1,3 km de congestionamento no sentido Paraíso da Avenida Paulista.
“Foi quase uma São Silvestre”, disse o tenente-coronel da Polícia Militar Sidney Câmera Alves, em referência à corrida realizada no final no ano na capital paulista. A previsão inicial era de que o grupo chegasse à Câmara por volta das 14h, mas, ao longo do percurso, os manifestantes fizeram um verdadeiro arrastão em todos os bancos e conquistaram a adesão à greve dos seguranças que estavam trabalhando.
Já no final do percurso, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, o óleo combustível do gerador do carro de som acabou e a manifestação teve que seguir apenas com apitos e palavras de ordem. Por volta das 15h30, em assembléia realizada em frente à Câmara Municipal eles decidiram pela continuidade da greve por tempo indeterminado.
Novas manifestações
Segundo o presidente do sindicato, Odivan Dias Guarita, foram realizadas três negociações com os patrões e uma audiência no Ministério Público do Trabalho para tentar fechar um acordo, o que não foi possível. De acordo com ele, até agora os patrões não tinham se pronunciado sobre uma nova proposta.
“Eles achavam que os vigilantes não tinham organização para isso, mas mostramos que temos”, disse. A assembléia que encerrou o protesto de hoje, prometeu novas manifestações nesta quinta (5), data do dissídio de greve no TRT..
Até às 21 horas desta terça-feira (4) a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ainda não havia se pronunciado sobre a multa do TRT para os bancos que não abrirem na quinta. A entidade apenas informou que a maioria das agências no estado estavam funcionando e que o pagamento de contas com vencimento nesta terça será considerado normal.
O Sindicato dos Bancários, Osasco e Região repudiou, em nota, as instituições financeiras que abriram suas agências nesta terça sem segurança. “Os bancos que abrem sem vigilantes estão desrespeitando a Lei Federal 7.102/83 e serão responsáveis por eventuais danos aos trabalhadores e à população”, diz o texto da nota.
A Polícia Federal informou que está notificando os bancos sobre a expressa proibição de abertura e funcionamento das agências sem vigilantes ostensivos e armados. “O funcionamento da agência em desacordo com a legislação é ilegal e qualquer ocorrência danosa gerada em razão dessa atitude acarretará a responsabilização administrativa, civil e criminal do estabelecimento financeiro e de seu gerente”, informa notificação divulgada pelo delegado de Polícia Federal Marcelo Feres Daher, da Delegacia de Controle de Segurança Privada no Estado de São Paulo.
Apoios
Parte das lojas da galeria do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, fecharam as portas nesta tarde em função da manifestação dos vigilantes. “Os seguranças mandaram fechar as portas. Eles avisaram que seria melhor fechar a loja e apagar a luz”, disse Elen Mesquita, gerente da loja de roupas Zú, que fica na galeria. Apesar da medida, na opinião da gerente, a manifestação estava pacífica.
A poucos metros do local, em outra galeria de número 2.001 da Paulista, os manifestantes também modificaram a rotina dos lojistas. Muitos dos lojistas abandonaram os postos e foram para frente das lojas.
“Nunca tinha visto isso aqui dentro, é a primeira vez”, disse a vendedora Maria Marcelina ao ver um grupo de manifestantes entrar no local e se posicionar em frente aos elevadores da galeria para evitar que os seguranças que trabalham no local subissem para outros andares. Após cerca de dez minutos de apitaço e gritos de apoio à greve, os manifestantes conseguiram a adesão de seguranças do local.
De acordo com o tenente-coronel Paulo Adriano Telhada, responsável pela PM no local, 300 policiais acompanhavam a manifestação.
Veja o vídeo abaixo:
Manifestação em frente à Câmara Municipal