PT do Rio decide domingo se ouve Lula ou lança Molon

O mais ilustre foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reafirmou na terça-feira passada, em jantar com dirigentes do PT, PCdoB, PSB e PDT, sua opinião em favor da aliança, com Jandira como candidata a prefeita. Esnobado dois dias depois pela Executiva Nacional do partido, que deu mão forte à candidatura Molon, Lula não gostou. ''Eu acho que não é possível lançar candidato só para marcar posição'', desabafou o presidente, segundo O Estado de S. Paulo deste sábado (21).

Previsões de ''desastre'' e ''derrota fragorosa''

O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, que antes de assumir o cargo em fevereiro disputava a indicação petista para a prefeitura, também aconselhou a coligação. ''Sem a aliança com a esquerda, corremos sério risco de derrota fragorosa'', disse o ministro nesta segunda-feira.

''A candidatura da Jandira Feghali se mostra mais viável para disputar com a direita no nosso estado. Temos que criar condições para que tudo seja feito da forma menos traumática possível. É esse também o sentimento do presidente Lula'', argumentou ainda Edson Santos, que vê a necessidade de levar o debate à Convenção.

O deputado federal Chico D´Angelo (PT-RJ) é outro que defendeu a retirada da candidatura de Molon. ''Evidentemente a candidatura dele entrou em uma crise profunda. Se ele insistir nesse desastre, sairá menor do que se desistir agora'', argumentou.

''Seria uma tragédia retirar agora''

Outros setores petistas defendem a formalização da candidatura, a começar pelo próprio Alessandro Molon. Ele considerou os movimentos pró-aliança como ''um golpe'' e viajou a Brasília para pressionar a Executiva Nacional em seu favor.

O presidente estadual do PT, Alberto Cantalice, concorda com Molon. ''Desconheço que haja desejos ocultos no partido de aliança com o PCdoB. Sou a favor de alianças, mas seria uma tragédia retirar a candidatura agora'', afirmou. O deputado petista Antonio Carlos Biscaia reforça essa posição.

O Diretório Municipal do PT carioca divulgou na noite desta terça-feira uma nota em que reafirma o nome de Molon. O diretório sustenta que a decisão em torno da candidatura já foi tomada nas prévias do partido e que ''qualquer opinião individual divergente não reflete a posição já tomada pelo partido e não contribui para a unidade partidária''. A nota ressalta ainda a certeza de que ''a decisão já tomada em caráter definitivo pelo PT do Rio será respeitada por todos, como tem reafirmado nossa direção nacional''.

Disputa Paes-Itagiba no PMDB

A Convenção Municipal do PMDB, também neste domingo, a partir das 10h, no Circo Voador, deverá bater chapa entre dois pré-candidatos. O governador Sérgio Cabral, quando desistiu de apoiar Molon, voltou a concentrar esforços no nome de seu secretário de Esportes e Lazer Eduardo Paes, que deixou o PSDB no ano passado. O candidato de Cabral tem ainda o voto de outra figura influente, o ex-governador Anthony Garotinho. No entanto, precisará disputar a Convenção com o deputado Marcelo Itagiba.

Mesmo ganhando a Convenção, Paes pode ter de enfrentar ainda uma disputa na justiça. Peemedebistas pró-Itagiba consideram que ele teria deixado o cargo após o prazo legal permitido.

Também neste domingo ocorre a Convenção conjunta do PV-PSDB-PPS. Ela  deve ratificar, sem disputas, a candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV) com o deputado estadual tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha de vice. Nas pesquisas, Gabeira aparece como terceiro colocado, depois do senador Marcelo Crivella (PRB) e de Jandira.

PDT conta com legado do brizolismo

No fim de semana seguinte (28 e 29 de junho), pelo menos cinco convenções serão muito esperadas. O PCdoB oficializa o nome de Jandira; o PSB decide se apóia Molon ou Jandira; o PTB confirma o apoio já anunciado a Crivella (PRB) ou lança o católico Carlos Dias na disputa; e o DEM oficializa o nome da deputada Solange Amaral; e o PDT delibera diante de um vasto leque de opções.

Descrito pelo Globo Online como ''a noiva mais desejada no Rio'', o PDT recebeu propostas de coligação vindas de Jandira, Crivella, Molon e até de Solange Amaral. Além disso, tem um pré-candidato, Paulo Ramos, que não admite deixar a disputa.

O PDT é depositário da herança do brizolismo, que mantém fortes raízes na cidade. O deputado federal Brizola Neto, que personifica este legado, é tido como um vice capaz de reforçar qualquer uma dessas chapas, em uma eleição que se anuncia fragmentada e com resultados imprevisíveis.

Da redação, com Globo Online