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Falha da Telefonica paralisa serviços essenciais em SP

Problemas no serviço de transmissão de dados da multinacional espanhola Telefonica a partir de quarta-feira (2) criam caos na Internet no Estado de São Paulo, deixando a população sem acesso a serviços básicos.

Órgãos da administração pública e usuários domésticos do Estado de São Paulo tiveram dificuldades para acessar a Internet  desde a tarde de quarta-feira (2) por conta de uma severa falha técnica nos serviços de transmissão de dados da operadora Telefônica.



Em alguns casos a conexão ficou lenta e em outros não era possível completar a conexão. O problema foi detectado desde a tarde de quarta-feira (2) e se intensificou no início da madrugada de quinta-feira.



Serviços essenciais como as Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Detran e Poupatempo ficaram sem sistema. Boletins de ocorrência não foram feitos. Para caso de flagrante, testemunhas e detidos teriam de aguardar até o sistema voltar.



Anatel estaria “apurando”



A Anatel (Agencia Nacional de Telecomunicações) informou na quinta-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda está apurando os motivos da pane nos serviços de transmissão de dados da Telefônica. Por enquanto, não há estimativa do total de usuários afetados, nem dos serviços que estão indisponíveis.



A Anatel também não informou quais tipos de punições a Telefônica pode sofrer pelo transtorno gerado aos usuários, que contabilizam um quarto de todos os internautas que utilizam banda larga no Brasil.



Desculpas



Tentando minimizar os danos de imagem e financeiros com a interrupção e lentidão no acesso ao Speedy sentidos desde a noite de quarta-feira, o presidente do Grupo Telefônica no Brasil, Antonio Carlos Valente, passou o dia telefonando para os que considera os principais clientes corporativos de seus serviços de banda larga no estado de São Paulo.



“Passei o dia contatando autoridades e presidentes das empresas”, afirmou Valente ao jornal paulistano Gazeta Mercantil, assumindo no começo da noite que o problema, considerado “parcial e intermitente” ainda não estava identificado. “Temos centenas de elementos e equipamentos carregados em nossa rede de dados, como software, hardware, fibras e cabos.”



Suspeita de sabotagem



Às 21 horas, a Telefônica comunicou a volta do serviço na capital, Grande São Paulo e Litoral, mas sem ainda ter identificado as causas. Segundo funcionários da equipe de tecnologia da empresa, que pediram para não se identificar, corriam rumores dentro da empresa de suspeitas de sabotagem interna, devido a alguns serviços de tecnologia da informação estarem sendo terceirizados para outras empresas.



O serviço Speedy, da Telefônica, fechou o primeiro trimestre deste ano com 2,166 milhões de usuários – em 407 cidades do Estado, o que representava 26,17% de participação do mercado brasileiro, à frente da Brasil Telecom (19,8%), Oi (19,8%) e Net (19,2%).



Da receita operacional bruta do primeiro trimestre , de R$ 5,557 bilhões, serviços de dados entraram com R$ 870,6 milhões.



Em comunicado enviado por fax à imprensa pela Telefônica no fim da tarde, a empresa dizia que o problema afetava “alguns dos serviços a grandes empresas privadas e órgãos da administração pública nos âmbitos federal, estadual e municipal”. Mas usuários domésticos de todo o Estado também alegaram dificuldades de acesso.


 


Paralisia no governo



A Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) informou que a pane atingiu a rede do governo, Intragov, interrompendo completamente a comunicação entre os órgãos.


 


A Secretaria de Segurança Pública do Estado teve seus distritos policiais paralisados, com dificuldades até para cadastrar novas prisões em flagrante no sistema.



A Caixa Econômica Federal informou que a pane atingiu 170 das 900 lotéricas existentes na capital e Região Metropolitana de São Paulo.



A Eletropaulo, distribuidora de energia elétrica paulista, registrou a paralisação dos serviços prestados aos consumidores, incluindo o call center, o site da companhia, e os mais de 40 postos de atendimentos na Grande São Paulo.



As ameaças de prejuízos financeiros para a operadora se somam. Os grandes contratos são regidos por acordos de nível de serviço, que dá ao cliente o direito de ressarcimento e pagamento de multas em caso de ficar sem acesso por um tempo superior ao acordado entre as partes.



Valores das multas



A Prodesp revelou que mobilizou equipe jurídica para estudar o valor da multa. O contrato de prestação de serviços firmado com a operadora para o período 2005-2010, de R$ 200 milhões, prevê que a rede nunca ficaria fora do ar, funcionando sete dias por semana e 24 horas ao dia, e que, em caso de algum tipo de problema, um sistema redundante entraria no lugar.



A Fundação Procon-SP afirmou que aplicaria multa de R$ 3,19 milhões. Em Brasília, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) comunicou que vai investigar o acontecimento, podendo aplicar desde uma simples advertência até uma multa de R$ 50 milhões.