Pequenos produtores aprendem gestão e preservação ambiental 

Como produzir bem para alimentar a família numa terra onde a seca é uma ameaça sempre? Produtores e técnicos de um projeto desenvolvido em municípios cearenses, nas áreas de agricultura familiar e preservação ambiental, atuam para encontrar a melhor respo

Trata-se do projeto “Convivência com a seca e a auto-sustentabilidade das comunidades rurais no semi-árido cearense”. As atividades incluem o cultivo de hortas orgânicas, horto de plantas medicinais e pomares, criação de galinha caipira, abelha e caprinos, formação de agroindústria, orientação para gestão de empresas familiares e uso de energias alternativas. Nesta sexta-feira (11), a equipe do projeto vai iniciar novo treinamento com moradores do assentamento de Boqueirão – Capim-Grosso, em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza,



          
José Mardes Andrade da Rocha, morador da comunidade, diz que a expectativa dos moradores é grande. Entre as vantagens do projeto ele aponta o apoio técnico e a diversidade de ações. Segundo Mardes, as famílias pensam em reativar o laboratório de produtos naturais que existe na comunidade, uma futura fonte de renda. “Antes havia problema de água, mas agora temos um açude no assentamento”, comemora.



         
Um dos coordenadores do projeto é o Prof. Omar Jesus Pereira, do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará. Ele explica que o trabalho se desenvolve em várias etapas. Primeiro, é feito contato com as prefeituras dos municípios para formação de parceria e indicação das comunidades a serem atendidas. Em seguida, o projeto é apresentado à comunidade, é feito um levantamento dos recursos materiais (solo, água, vegetação, equipamentos) e elaborado o planejamento de como o projeto pode ser viabilizado. Formam-se então os grupos por área de interesse. Cada um é constituído pelo menos por quatro famílias.



          
Ainda de acordo com o Prof. Omar, as famílias produzem para elas. No caso de haver excedente, os grupos recebem orientação de como comercializar e até industrializar a produção, se for o caso. Com isso, dá para atender a expectativa principalmente de jovens que não querem a rotina do campo. Por meio de qualificação e capacitação, eles aprendem sobre gestão de indústria e comércio. Aliada à questão econômica, há toda uma preocupação com o meio ambiente. “As famílias produzem cuidando da preservação da natureza. Recuperam o que estava degradado e cuidam do reflorestamento onde for necessário”, diz o professor.



          
Para o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caucaia, Nonato Barbosa, o interessante é que a comunidade, recebendo toda a orientação, poderá dar continuidade às ações. Ele estima que, no município, cerca de 100 famílias sejam beneficiadas diretamente e 500 indiretamente.


 


Em 2006, o projeto atendeu, nos dois primeiros anos, treze comunidades em quatro municípios cearenses. Para a etapa 2008- 2010 a previsão é de que sejam beneficiadas dez comunidades em dez municípios. O Projeto, vinculado ao Departamento de Engenharia Agrícola da UFC, tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), conta com a cooperação técnica da Embrapa, Incra, Cáritas Limoeiro do Norte e do Programa de Residência Agrária do Centro de Ciências Agrárias da UFC, e tem prefeituras municipais como parceiras.       


 
    
Fonte: Agência da Boa Notícia