BH: Imprensa questiona patrimônio e passado de Lacerda

Recente denúncia da Folha de S.Paulo questiona o passado político de Marcio Lacerda, candidato à prefeitura de Belo Horizonte. Inicialmente perseguido pelos militares, sob a ditadura, hoje Lacerda é o candidato mais rico a disputar as ele


Constantemente, os comunistas de Minas Gerais têm acompanhado as notícias nos jornais e revistas de circulação nacional e local que tratam do candidato Marcio Lacerda (PSB), que disputa a prefeitura de Belo Horizonte com o apoio do governador Aécio Neves (PSDB). Eles também tem recebido mensagens questionadoras, que denunciam que há algum esquema esdrúxulo sendo armado, por trás da face de grande amizade e união da aliança em nome de Alcerda. Para subsidiar os leitores a respeito destes questionamentos, a equipe de jornalistas do Caderno MG do Vermelho checou informações, fontes e documentos, e preparou o texto abaixo, que é um relato organizado de toda essa informação. Nela chama atenção uma recente denúncia da Folha de S. Paulo que questiona o passado político de Lacerda. Inicialmente perseguido pelos militares, ele teria deixado a resistência à ditadura para ser colaborador do regime, o que permitiu que prosperasse como empresário. Hoje, Lacerda é o candidato mais rico a disputar as eleições municipais de 2008.

 

Veja abaixo a relação das matérias com breves comentários:

 


Há algo de podre no reino da Dinamarca…

 

 

Essa frase poderia ter sido dita nos dias de hoje por Hamlet, se ele ainda estivesse vivo e se a Dinamarca fosse aqui.

 

 

No domingo último foi publicada na Folha de São Paulo (pág A-17), matéria sobre Márcio Lacerda, da qual destacamos o seguinte trecho, que vem gerando polêmica: “A vida empresarial de Lacerda é marcada pelo regime militar (1964-1985): inicialmente uma vítima da ditadura, depois passou a receber ajuda dos militares e, em 1973, se tornou empresário do ramo de telecomunicações com a colaboração de oficiais ligados ao Exército.

 

 

Em 2002, Lacerda foi coordenador financeiro da campanha presidencial de Ciro (Gomes) e continuou com ele como ministro-adjunto na Integração Nacional. Saiu em 2005 por ser citado no mensalão.”

 

 

Temos recebido vários e-mails e comentários a respeito dessa passagem, nos quais as pessoas manifestam indignação diante dessa relação ambígua de Lacerda com a ditadura: “… primeiro contra ela e depois se servindo dela para tornar-se empresário…”.

 

 

As relações indecorosas não param por aí. Várias publicações on-line, como “O Globo Online”, de 25/04/2008 (http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl=mensagem&op=ver&idcom=143&id=5220), denunciam um comprometido esquema entre políticos e empresários de Minas e do Brasil. O portal on-line de O Globo recebeu e publicou fax do sindicato dos médicos de Juiz de Fora, sobre a decisão do PT, na época, contra a aliança PSDB/PT nas eleições à prefeitura de Belo Horizonte.

 

 

Em “O Globo Online” está publicada matéria do informativo “novo jornal” (www.novojornal.com.br), anexada ao fax do Sindicato dos Médicos. Esse órgão jornalístico foi tirado do ar no dia 12/08/2008 (http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=11296) por publicar “matérias contra a honra de autoridades públicas federais e estaduais”, conforme explica o “Portal O Tempo”.

 

 

Reproduzimos aqui parte do conteúdo publicado nos jornais acima mencionados e ainda em outros canais da rede web. Toda esta informação pode ser verificada nos sites dos jornais citados e em outros.

 

 

O que a história veementemente proibida traz é que o patrimônio de Márcio Lacerda aumentou, e muito, quando era dono das empresas de telecomunicações Batik e Construtel, nos anos 80 e 90. Lacerda tinha como importante contato o diretor da Telemig na época, Roberto Lamoglia. Em 1998, a Construtel chegou a faturar 255 milhões de dólares! Após a privatização das companhias telefônicas, ambas Construtel e Batik sofreram queda vertiginosa no faturamento. A Batik foi vendida e a Construtel desativada. O site “novojornal” apresentou documentos que comprovavam o superfaturamento de Lacerda no fornecimento de serviços por parte de suas empresas às estatais Telemig e Telebrás. O “lucro” era dividido com Roberto Lamoglia, diretor das estatais.

 

 

Por se tratar de uma denúncia tão grave e de documentação muito extensa, que envolvia nomes de vários políticos, o “novojornal” tratou de apurar certidões e pareceres.

 

 

Não é sem razão que Márcio Lacerda foi o nome preferido do governador de Minas e do prefeito de BH para ser o candidato de tal aliança. Em 2002, ele doou 1,15 milhões de reais para campanhas eleitorais. Desse montante, R$ 750.000,00 foram doados no nome do próprio Lacerda e R$ 400.000,00 no nome da Construtel.

 

 

Também em 2002, Márcio Lacerda doou R$ 950.000,00 para a campanha de Ciro Gomes à presidência da República. A seguir, ele foi indicado por Ciro para o cargo de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional. Em 2005, houve uma denúncia que apontava que Lacerda teria recebido R$ 457 mil de uma conta da SMP&B de Marcos Valério. Na época, Lacerda teria confirmado três encontros com o Marcos Valério.

 

 

Valério assinala dois pagamentos a Lacerda: R$ 300 mil em 16 de abril de 2003, R$ 157 mil dois meses depois, em 17 de junho. Indiciado pela denúncia do mensalão, Márcio Lacerda deixa o cargo federal e é recebido em Minas, pelo governo estadual, em abril de 2007. Filiou-se, então, ao PSB, tido como neutro entre PT e PSDB.

 

 

Aécio Neves e Pimentel tiveram apoio decisivo do Deputado Federal do PT, Virgílio Guimarães e do Deputado Estadual (PT) Roberto de Carvalho (seu vice na chapa). Tanto Aécio, quanto Virgílio e Roberto figuravam na lista do mensalão mineiro, na ocasião da campanha de reeleição de Eduardo Azeredo, apontada pela revista Istoé (http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac52514,0.htm), citada no portal digital do jornal Estado de São Paulo, em setembro de 2007. O relatório da Polícia Federal sobre o caso pode ser acessado emhttp://conjur.estadao.com.br/pdf/relatorio.pdf  . Naturalmente, a revista é cautelosa e afirma que, fora alguns casos de depósitos feitos diretamente nas contas bancárias, não é fácil provar outras transações, pois muitos dos saques teriam sido feitos em dinheiro, o que torna difícil o rastreamento. Assim, o nome de Aécio Neves não é dado como receptor comprovado dos pagamentos do esquema mensaleiro.

 

 

Em 26 de agosto último, na semana passada, o portal do Estadão publicou matéria que cita o envolvimento de Romênio Pereira (secretário nacional do PT) em esquema de desvio de recursos federais, inclusive verbas do PAC, num total de cerca de R$ 700 milhões. A versão digital (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080826/not_imp230819,0.php) menciona novamente a revista Istoé, que havia informado que o levantamento sobre o caso seria enviado ao STF no mês de setembro de 2008. Na edição 2026, de 03 de setembro de 2008 (http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2025/imprime99663.htm), a revista tratou de reportagem semelhante, da qual destacamos:

 

 

“Na página 138 do relatório 3.683 de autos apartados, revelado por ISTOÉ com exclusividade na última semana, Peluso deixa claro: ‘Foram, ademais, captados, nas interceptações, diálogos que comprovam o envolvimento, no esquema, de Romênio Pereira, sob a suspeita de que atuaria politicamente para viabilizar, perante os Ministérios e outros órgãos federais, a rápida assinatura de convênios e a destinação dos recursos aos municípios.’”.

 

 

Segundo a revista Romênio teria se declarado como “um dos petistas mais abertos a ampliar alianças.”

 

 

Istoé disponibilizou o relatório da Polícia Federal (http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1977/imprime61479.htm), e a lista do mensalão mineiro que envolveria Virgílio Guimarães e Roberto de Carvalho (vice de Lacerda) e outros 157 políticos (http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1977/popup_osdocumentos13.html).

 

 

Pra terminar, o Portal O Tempo publica que Márcio Lacerda é o candidato mais rico das eleições deste ano, com R$ 55,5 milhões; enquanto Maluf conta “apenas” com R$ 39,1 milhões (www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=84651).

 

 

Trata-se de publicações de grande porte. Nesse caso, não será tão simples tirar a todas elas do ar, como ocorreu com o portal www.novojornal.com.br. São muitos dados, documentos, reportagens e investigações jornalísticas e policiais para serem todos ignorados, ou infantilmente negados.

 

 

Já de início, algo não cheirava bem nessa aliança, mas agora já se sabe de onde vem o mau-odor.

 

 

Da redação, com informações da Revista Istoé, Portal O Tempo, estadao.com.br , O Globo Online, Folha de São Paulo.