Eleições 2008: até a oposição é Lula

Um episódio que ilustra bem esta corrida aconteceu na semana passada em Porto Alegre. A candidata do PT à disputa da prefeitura, enfrentou todos os obstáculos possíveis para conseguir gravar um vídeo ao lado de Lula.

Como Lula anunciou de última hora sua participação no Congresso de Contabilidade em Gramado, cidade localizada a pouco mais de 100 quilômetros da capital gaúcha, a produção da candidata passou o dia inteiro correndo atrás da comitiva presidencial, e só conseguiu achá-lo no seu embarque para Brasília na Base Aérea de Canoas.

A verdadeira gincana enfrentada pela candidata petista se justifica pois sua campanha enfrenta o furacão Manuela que tem varrido a cidade levando apoios, lideranças e votos, e mais do que nunca a campanha petista precisa da muleta da popularidade de Lula.

Mas este não é um caso isolado. A candidata do PDT na cidade de São Gonçalo (RJ) tentou utilizar a imagem de Lula, mas a Justiça Eleitoral não permitiu atendendo um pedido do PT. Em Salvador, o candidato do PMDB João Henrique, candidato à reeleição, usou imagens de Lula. Até o adversário de 2002, tucano Geraldo Alckmin usa imagens dos debates com Lula. Podemos afirmar que apesar da investida diária, da militância oposicionista aberta de alguns órgãos de imprensa, nosso presidente é onipresente na disputa deste ano.

Se compararmos o quadro eleitoral deste ano, com o resultado alcançado pelos tucanos na última eleição municipal dentro do governo FHC, veremos a brutal diferença. Como afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) num texto em que ele analisa a então chamada “onda vermelha” (clique aqui para ler) ,”com os resultados das eleições de 2000, surgiu a idéia de que uma onda vermelha tomou conta do Brasil, escolhendo o PT para governar nossas cidades”.
Passados 8 anos daquela “onda vermelha”, podemos afirmar que aquele momento foi o início do processo que destravou nosso desenvolvimento, que elegeu o primeiro presidente operário e que também transformou setores da elite e da imprensa, “num pote até aqui de mágoa”.

Oito anos depois, o grande vencedor destas eleições é Lula e as forças que o apoiaram nas crises fabricadas pela mágoa e alimentadas pela inépcia e pela covardia de alguns “companheiros”.

Em tempo, na disputa pela capital gaúcha, o presidente Lula manifestou esta semana seu carinho pelo furacão Manuela, um pouco pela aguda percepção política do ex-sindicalista, e muito pela identificação com a trajetória semelhante de quem veio do movimento popular e apesar das críticas mudou indelevelmente a política por onde passa.

De Porto Alegre
Gustavo Alves