Serviço da 'Folha' estréia com 'barriga' e descaso ao leitor

A Folha de S.Paulo cometeu uma “barriga” (grave erro jornalístico) nesta sexta-feira (5), ao lançar seu “serviço on-line sobre candidatos nas eleições”. O novo hotsite, hospedado na Folha Online, afirmava equivocadamente que vários ca

Candidatos como Jamil Murad e Nuno Mendes, ambos do PCdoB, encaminharam suas respostas dentro do prazo à jornalista Natalie Catuogno Consani, que solicitara a entrevista. Num e-mail das 14h49 do dia 25 de julho, Natalie atendeu ao pedido da assessoria de Jamil e confirmou ter recebido a mensagem do candidato.


 


Quarenta e dois dias depois, no lançamento do hotsite, a Folha sustentou o contrário — tanto na página de Jamil e Nuno, quanto na de outros candidatos. Abaixo de cada uma das cinco perguntas, registrava-se: “O candidato não respondeu à pergunta”.


 



Com “barriga”, novo hotsite da Folha prejudicou candidatos como Jamil


 


As questões eram estas: “1. Concorda com a candidatura de pessoas que respondem a processo na Justiça? 2. Qual é o principal problema da cidade e que solução você propõe? 3. Como melhorar a produtividade e eficiência da Câmara? 4. Apoiaria um projeto que reduzisse o número de assessores de vereadores (hoje são 18)? 5. Cite dois projetos que você pretende apresentar, se eleito, e explique de onde virão os recursos para implementá-los.”.


 


Desculpas privadas


 


Ainda na manhã desta sexta-feira, a redação da Folha foi avisada da “barriga” por telefone e por e-mail. Para a assessoria de Nuno Mendes, prometeu corrigir o erro em meia-hora. À assessoria de Jamil, pediu que encaminhasse as respostas e acrescentou: “Garanto que já colocaremos as respostas dele”. À tarde, o jornal informou que só poderia atualizar o hotsite quando Noeli Menezes Soares, responsável pela editoria, chegasse à redação — o que ocorreria às 17 horas.


 


Já que a devida correção não viria em tempo hábil, as assessorias dos candidatos cobraram que a Folha ao menos tirasse o lamentável equívoco do ar. Isso minimizaria não a “barriga” do jornal — mas, sim, eventuais danos à imagem do candidato.


 


A solicitação, no entanto, foi ignorada, e as respostas de Jamil Murad e Nuno Mendes foram publicadas tão-somente às 17h30. Quem entrou antes disso em uma ou outra página do hotsite ficou com a versão mentirosa de que os candidatos não responderam à Folha. Quem acessou o site após a correção não teve como saber que o jornal cometeu uma “barriga” e ocultou o fato de seus leitores.


 


Noeli Menezes Soares se desculpou em nome da Folha (por telefone), assim como Natalie Catuogno Consani (por telefone e e-mail). Num e noutro caso, são desculpas privadas para um erro de alcance público. A boa iniciativa da Folha — de aumentar a transparência nas eleições e ajudar o eleitor — começa mal. Até as 20h40 desta sexta-feira, não havia errata alguma na Folha Online.