Cerca de 500 morrem em inundações no Haiti

Equipes de resgate encontraram quase 500 corpos na cidade costeira de Gonaives, no Haiti, após a passagem de tempestades tropicais e furacões pela região. A ilha caribenha foi atingida nas últimas semanas por pelos menos dois fenômenos — Gustav e Hanna.

Um navio com 33 toneladas de suprimentos ancorou nesta sexta-feira no país para ajudar quase 600 mil pessoas desabrigadas pelo mau tempo. Nos últimos dias, a população atingida ficou sobre os telhados das casas esperando o nível da água baixar.



As chuvas provocadas pela passagem dos furacões Gustav e Hanna fizeram com que as águas chegassem a quase três metros de altura.


 


No Haiti, somente o Gustav matou ao menos 75 pessoas. Hanna passou a leste da cadeia de 700 ilhas que compõem as Bahamas, em um caminho que deve seguir até a costa dos EUA, na região da Carolina do Norte e da Carolina do Sul, onde está prevista para chegar no sábado como um furacão fraco.



Nesta sexta, o furacão Ike já começa a ameaçar as Bahamas (ao norte do Haiti) com ventos máximos de 205 km/h, mesmo tendo caído da categoria quatro para três na escala Saffir-Simpson, que vai até cinco.



Os meteorologistas prevêem que o furacão se enfraqueça mais nos próximos dois dias. No entanto, “continuará sendo um furacão maior durante dois dias”, informaram os especialistas.



Catástrofe no Haiti



O presidente René Preval classificou a situação como “catastrófica”, e a comparou com as enchentes causadas pela tempestade tropical Jeanne em setembro de 2004, que matou mais de 3.000 haitianos na região de Gonaives.



Segundo o chefe do resgate Ernst Dorfeuille, os corpos só puderam ser encontrados devido à melhoria do clima na região. “O tempo está calmo agora e nós estamos encontrando mais corpos. Encontramos até agora 495 corpos enquanto há 13 pessoas desaparecidas.”



“O cheiro de morte é bastante incômodo em Gonaives”, disse Dorfeuille, em entrevista à agência Reuters. Para ele, o número de mortos ainda deve subir nos próximos dias. “O número de mortos pode ser ainda muito maior.”



A primeira-ministra do Haiti, Michele Pierre-Louis, afirmou que o recém-empossado governo tomará todas as medidas necessárias para dar apoio às vítimas do desastre, noticiou a BBC.



Após assumir formalmente o cargo, cinco meses depois da destituição do chefe de governo anterior, Jacques Edouard Alexis, Michele disse que seu país enfrenta uma “tragédia inominável”. Ela disse em seu discurso que seu governo fará o “melhor” para ajudar as vítimas.



Durante a posse, o presidente Préval convidou os diferentes setores locais a se mobilizarem para melhorar a situação do país.



O coordenador de ajuda humanitária da ONU no Haiti, Joel Boutrioue, disse nesta sexta à BBC que é difícil levar os suprimentos para centenas de pessoas. Estradas estão bloqueadas devido às enchentes e a algumas regiões só é possível chegar por ar –em grande parte das vezes, só de helicóptero.



A Cruz Vermelha lançou ontem um apelo internacional, pedindo US$ 3,4 milhões em ajuda humanitária.