Bloqueio a Cuba: solidariedade proibida após Gustav e Ike

O governo cubano insiste, em diversas ocasiões, em tentar explicar à comunidade internacional o caráter criminoso e ilegal do bloqueio a que seu país é submetido pela administração estadunidense. Com mais ou menos sorte, pode-se conhecer essa realidade

Alguns meios de comunicação diziam recentemente que ''Cuba rechaçava o oferecimento de ajuda dos Estados Unidos'', sem esclarecer que não pode haver nenhuma proposta de ajuda humanitária a Cuba vinda dos EUA caso sejam mantidas as multas de US$ 250 mil ao cidadão estadunidense que envie dinheiro para a Ilha, conforme estabelece o Grupo de Trabalho para a Aplicação de Sanções a Cuba – a ajuda em espécie também é proibida.



Apesar da petição do candidato presidencial Barack Obama de suspender por ''não mais do que 30 dias'', as restrições às viagens e ao envio de remessas a Cuba, a secretaria de Estado Condoleezza Rice deixou claro no último domingo que as proibições seguem em vigência.



A proposta de ajuda estadunidense estabelece como condição, segundo o documento enviado ao governo cubano, que ''se permita que um grupo de ajuda humanitária visite Cuba para inspeções das áreas afetadas e avaliar adequadamente os danos''. Ou seja, o envio de homens para estudar a situação, o que não deixa de ser humilhante e insultante. Algo assim como se, diante de um pedido de um familiar para emprestar dinheiro, respondêssemos a ele com uma auditoria para conhecer em que gasta e qual é sua situação econômica. A comunidade internacional não deve esquecer tampouco a missão que adotaram os inspetores que chegaram ao Iraque dias antes de sua invasão, já que eles se dedicaram a transmitir valiosas informações ao exército dos EUA para que seus bombardeios fossem mais precisos.



Portanto, não apenas não existe por parte do governo dos Estados Unidos intenção alguma de oferecer ajuda humanitária a Cuba depois da tragédia que deixou milhões de pessoas em casas destruídas e plantações arrasadas, mas também a solidariedade dos cidadãos estadunidenses com Cuba segue sendo um delito naquele país.



Tradução: Fernando Damasceno