Sabotagem oposicionista na Bolívia já prejudica o Brasil

O governo da Bolívia denunciou nesta quarta-feira (10) que grupos fascistas, impulsionados pelos “cívicos” e governadores oposicionistas, atacaram um gasoduto no departamento de Tarija, entre as usinas de San Antonio e San Alberto. O atentado – uma explos

Santos Ramírez, presidente interino da estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), afirmou em coletiva de imprensa que se trata de “um atentado terrorista contra a pátria”. Ele responsabilizou os “cívicos” e governadores que impulsionam medidas de pressão. O ministro da Presidência (equivalente do chefe da Casa Civil), Juan Ramón Quintana, participou da coletiva.



Exportação afetada em 10%



Ramírez indicou que, ao reduzir suas exportações para o Brasil em mais de 3 milhões de MMCD, a Bolívia está perdendo mais de US$ 8 milhões por dia. O país produz no total cerca de 40 milhões de mmcd. Entre 6 e 7 milhões de mmcd destinam-se ao consumo interno. O Brasil importa 31 milhões de mmcd e a Argentina o restante.



O presidente da estatal petroleira indicou que o conserto do gasoduto será feito em 20 dias e custará mais de US$ 100 milhões, aí incluídas as multas e danos. Ramírez assinalou que o custo deverá ser coberto pelos governadores e “Comitês Cívicos” irresponsáveis que “recorreram a estes atos terroristas”.



Chamamento aos petroleiros



O presidente da YPFB disse também que “os irmãos do Chaco [a região onde ocorreu o atentado] devem entender que cada metro cúbico de gás que não exportamos é menos dinheiro para nosso departamento, para os municípios, para as universidades”.



Santos Ramírez convocou os trabalhadores da YPFB a se mobilizarem para salvaguardar, junto com a força pública, as instalações contra outros possíveis atentados.



Ele também instou as empresas petroleiras que operam na Bolívia a tomarem precauções e informar o que venha a ocorrer nas regiões de Santa Cruz, Tarija e Chuquisaca.



Ministro denuncia “golpe atípico”



O ministro da Presidência anunciou que será reforçada a segurança das instalações petroleiras, face à escalada dos atentados. Disse que as ações em Tarija, e as ocorridas na véspera em Santa Cruz, “geraram indignação e irritação entre os bolivianos, pois afetam a unidade e a economia nacionais”.



Quintana denunciou que os atentados tentam colocar em risco a nacionalização dos recursos naturais e expressam desacordo com as políticas sociais do governo do presidente Evo Morales. Buscam ainda, agregou, “frear o processo de mudanças estruturais e evidenciam os planos de um golpe atípico contra a ordem constitucional”.
“Agora já não se usa os tanques, o golpe de Estado sai das prefeituras [governos dos departamentos] e dos 'Comitês Civis', aos quais não interessa a democracia. Só interessa e eles instaurar um clima de terror, que passa pelo sacrifício das pessoas e da economia”, advertiu.



Quintana também dirigiu um apelo explícito ao fiscal-geral da República, Mario Uribe, para que “prenda os autores intelectuais e materiais de atos inadmissíveis numa sociedade democrática”.



O fiscal-geral, em declarações à Rádio Erbol, garantiu que instruiu seus subordinados no Distrito de Santa Cruz para que iniciem as ações pertinentes, investigando os atos de vandalismo de terça-feira, que culminaram com o saque dos prédios de quatro entidades estatais.



Com informações da ABI (Agencia Boliviana de Información)