Econergy inaugura primeira eólica em Beberibe
Primeira usina de energia eólica integrante do Proinfa a entrar em funcionamento no Ceará, Econergy Beberibe terá capacidade para atender cerca de 200 mil pessoas
Publicado 11/09/2008 10:06 | Editado 04/03/2020 16:36
Após oito meses de obras, será inaugurada hoje a usina eólica Econergy Beberibe, na Praia das Fontes, em Beberibe. Com potência instalada de 25,6 MW – o que permite gerar 90 mil MWh/ano e alimentar a demanda de 90 mil casas ou cerca de 200 mil pessoas -, o empreendimento é o primeiro participante do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfra) a entrar em funcionamento no Estado. A usina, que irá repassar cerca de 85 mil MWh/ano à Eletrobrás, demandou investimentos da ordem de R$ 150 milhões da Econergy International, produtora independente de energia voltada para o mercado das Américas. ''A fábrica de vento de Beberibe ajudará a fortalecer a rede elétrica do Ceará, criando um novo potencial para investimentos no setor de turismo'', destacou ontem Tom Stoner, presidente da empresa, em coletiva à imprensa.
Cerca de 600 empregos diretos foram gerados durante o processo de construção do parque eólico, que conta com 32 torres de 75 metros, desenhadas e produzidas pela Wobben Windpower, subsidiária brasileira da Enercon com fábrica no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e em Sorocaba (SP). Cada uma das torres está sustentada por um bloco de concreto que, por sua vez, é sustentado por estacas de 17 metros de profundidade. De acordo com Eduardo Frota, gerente do projeto da Econergy em Beberibe, um dos maiores desafios da construção foi o fato do parque estar implantado nas dunas, o que implica em lidar com a mobilidade da areia. ''Para isso, estamos plantando palha e grama neste primeiro ano e depois vamos aproveitar para plantar árvores nativas, de frutas como o caju e o murici'', explicou.
Segundo Edward Hoyt, vice-presidente sênior para Responsabilidade Social Corporativa da empresa, existe também a preocupação em trabalhar projetos voltados para a comunidade local. As próprias frutas das árvores plantadas futuramente pela empresa, segundo ele, poderão ser vendidas pela população da área, como forma de gerar renda às famílias carentes. ''Durante a construção (do parque), mantivemos contato com a comunidade vizinha para medir os impactos e queremos desenvolver projetos que tragam benefícios adicionais à comunidade'', disse.
Desafio
Outro desafio enfrentado na fase de implantação da usina destacado por Eduardo Frota foi a instalação dos 24 quilômetros de linhas de transmissão e dos 356 postes até Cascavel. Isso porque foi necessário negociar com os proprietários dos terrenos por onde a estrutura tinha que passar. ''Pagamos indenização para obter permissão para a construção das linhas. Foram em torno de 23 proprietários'', disse o gerente do projeto.
Segundo ele, na fase de operação, devem ser gerados cerca de 25 empregos diretos, já que os aerogeradores têm uma certa autonomia para funcionar. ''Esses funcionários irão atuar mais na manutenção dos equipamentos e na contenção das dunas'', informou.
A Econergy International está em processo de aquisição por parte da Suez Energy Latin America, integrante do GDF-Suez Group. Com faturamento de R$ 184,3 bilhões e lucro líquido de R$ 13,9 bilhões em 2007, o grupo é líder mundial em energia e planeja um investimento anual de R$ 25 bilhões para expansão de seus negócios nos próximos três anos. No Brasil, controla a Tractebel Energia, quarta maior geradora privada de eletricidade e quarta maior em capacidade instalada no País.
Outro projeto da GDF-Suez no Brasil é a construção da hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), que receberá investimentos da ordem de R$ 8,7 bilhões e deve entrar em operação em 2012. A companhia detém 50,1% do consórcio Energia Sustentável do Brasil, que venceu o leilão de concessão em maio deste ano, em disputa acirrada com o consórcio formado entre Furnas e Odebrecht.
E-MAIS
A Econergy International investe atualmente em outros dois projetos de energia alternativa no Brasil. O parque eólico de Pedra do Sal, no Piauí, terá potência de 18 MW e receberá investimentos de cerca de R$ 100 milhões de reais. Em Areia Branca (MG), por sua vez, a empresa investe em torno de R$ 96 milhões para a construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), que terá capacidade instalada de 19.8 MW. A previsão é de que as obras da primeira estejam concluídas até 30 de dezembro próximo, enquanto a PCH entre dezembro deste ano e janeiro de 2009.